A excelente peça As Bruxas de Salém, da autoria do dramaturgo norte-americano Arthur Miller, estreada nos EUA em 1953, voltou a ser reposta em Portugal, e ainda bem, no Teatro São João, no Porto. Baseada em factos históricos ocorridos em 1692 na pequena comunidade de Salem, no estado do Massachusetts — onde mulheres e homens foram perseguidos e executados por bruxaria —, há todo um paralelo entre esse episódio e a feroz perseguição movida pelo senador republicano Joseph McCarthy a milhares de norte-americanos acusados de filiação ou mera simpatia pelas ideias comunistas, muitos deles só por serem ativos sindicalistas (ou, simplesmemte, por se recusarem a denunciar colegas, como sucedeu ao próprio Arrthur Miller), durante a chamada “caça às bruxas”, nos anos 50 do século XX.
Sendo, na tradução em português, As Bruxas de Salém — e não "de Salem", na grafia inglesa do topónimo norte-americano, sem acento —, qual a razão de, nas notícias e promoções televisivas à peça, o topónimo Salém (com acento agudo) ser dito, repetidamente, como se a sílaba tónica fosse no "a", e não no -ém?
Só falta mesmo Belém, Jerusalém, refém ou também passarem a ser ditos /Bélem/, /Jérusalem/, /réfem/ e /támbem/...