1. A atualidade fica marcada pela visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola em 17 e 18 de setembro. Propondo um novo programa estratégico de cooperação de Portugal com este país africano, António Costa realça o papel da língua comum* em declarações ao Diário de Notícias de 16/09/2018: «[...] a língua é sempre uma mais-valia. Não é só uma mais-valia para Portugal, como disse, e bem. É uma mais-valia para todos e para cada um dos países lusófonos. Para aqueles [onde] a língua é no fundo um fator de unidade nacional e é sobretudo [a possibilidade] de podermos partilhar e enriquecer diariamente em conjunto uma língua que é falada em quatro continentes. E é uma das línguas globais e do futuro.»
* A propósito da deslocação de António Costa a Angola, recorde-se como, ao longo dos anos, o Ciberdúvidas tem seguido o desenvolvimento e a consolidação do português. Exemplos significativos são a colaboração na produção do programa de rádio Mambos da Língua e a divulgação do que, no contexto editorial e jornalístico angolano, se escreve sobre temas de uso e gramática, não contando com muitos outros artigos em linha, dos quais se salientam: Angola obriga rótulos em português, Angola promove o bilinguismo no ensino primário, Línguas nacionais de Angola sob estudo, O português em cadência angolana, Ensaboado & Enxaguado, «O dia da `dipanda´»1, 100 mil crianças angolanas já envolvidas Português + 1 língua nacional, logo na 1.ª classe, Sinopse do programa Mambos da Língua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, Sobre a aprendizagem das línguas nacionais, em Angola, Empréstimos do umbundo no português de Angola, Amélia Mingas quer «maior aposta» no ensino das línguas nacionais em Angola.
2. Continuando em África, faça-se ainda a aqui um registo que faltava, o da comemoração, neste ano de 2018, do segundo centenário da elevação a cidade da ilha de Moçambique.
3. Será que o vocativo «minhas amigas e meus amigos» é, sob diferentes aspetos, melhor do que empregar «meus amigos», forma em que o masculino vale para os dois géneros? Sobre esta questão, que, afinal, reflete o debate à volta da igualdade de género, o consultório dá mais um parecer, a que se juntam novas respostas sobre uma construção sintática com o verbo submeter, certas liberdades poéticas com a estrutura frásica, o uso do adjetivo cluniacense e uma curiosa característica fonética do português do Brasil.
4. Na rubrica O nosso idioma, retoma-se o tema da relação secular (e controversa) da língua portuguesa com a cultura indiana através do testemunho do investigador indiano Shiv Kumar Singh, professor de Estudos Indianos na Universidade de Lisboa e autor do Dicionário Hindi-Português-Hindi. Ainda na mesma rubrica, a linguista Sandra Duarte Tavares define usos obrigatórios da vírgula e identifica casos em que ela está proibida.