Ambas as possibilidades assinaladas estão corretas.
O constituinte «maternal do vosso coração» tem como núcleo um adjetivo relacional («maternal» = «que é relativo à mãe») e desempenha a função de modificador apositivo do nome proteção. Numa perspetiva normativa, nos casos em que o nome é modificado por um adjetivo relacional, este deve ser colocado imediatamente a seguir ao nome que modifica (cf. Raposo et al., Gramática do Português, p. 1107), como se verifica pelo contraste entre a construção (1), que é gramatical, e a construção (2), que é agramatical:
(1) «O amor maternal de quem dá à luz.»
(2) «*O amor de quem dá à luz maternal.»
Se atentarmos, agora, na oração relativa, vemos que o pronome relativo que tem como antecedente o nome proteção e introduz uma oração subordinada adjetiva relativa com função de modificador restritivo do nome. O pronome relativo que tem também tendência a colocar-se junto do seu antecedente, pelo que, se omitíssemos o primeiro modificador, a frase teria a seguinte construção:
(3) «Fortalecei-nos com a proteção que nas incertezas sempre nos conduz.»
Acresce, ainda, que, quando o nome tem mais do que um modificador, como acontece no exemplo em apreço, os modificadores oracionais são colocados preferencialmente no final do grupo nominal (Id., ib.). A frase (4) respeita estes princípios:
(4) «Fortalecei-nos com a proteção, maternal do vosso coração, que nas incertezas sempre nos conduz.»
Não obstante, o que se verifica no exemplo apresentado é uma situação em que o constituinte adjetival «maternal do vosso coração» intercala a oração subordinada relativa, ficando assim suficientemente próximo do nome que modifica para poder assegurar o sentido da frase. Esta liberdade sintática pode ser justificada, em termos literários ou musicais, por uma questão de ritmo e/ou de métrica, pelo que é aceitável.