1. A palavra reduflação está a entrar no quotidiano dos falantes de língua portuguesa. Trata-se de um termo relativamente recente usado para descrever uma técnica comercial implementada pelas marcas, que consiste em reduzir a quantidade de um dado produto, mantendo o seu preço (ou mesmo aumentando-o). Esta é uma estratégia adotada para fazer face à inflação, reagindo ao aumento dos custos de produção e à diminuição dos lucros. A operação em questão nem sempre é feita de forma transparente, pois muitas vezes a redução de tamanho ou de peso não é comunicada aos consumidores, que, estando mais desatentos, poderão não se aperceber da manobra. A palavra é uma tradução do termo inglês shrinkflation, adaptado ao português por meio da junção de duas palavras truncadas: redu- (de redução) e -flação (de inflação).
2. A palavra coronials constitui a nova entrada registada em A covid-19 na língua. Este é um termo que vem descrever uma nova realidade relacionada com algumas das características dos bebés nascidos no decurso do primeiro ano de pandemia.
3. As dúvidas em torno da concordância do verbo com o sujeito assumem muitas dimensões. Neste contexto, a professora Carla Marques traz um apontamento relacionado com um caso de concordância com o sujeito composto (divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2).
4. Ao Consultório regressa a análise sintática de segmentos de textos dos clássicos: uma primeira questão relacionada com dois versos de Os Lusíadas e uma segunda com uma expressão de P.e António Vieira. As combinações de verbos em complexos verbais motivam análises às possibilidades flexionais do verbo dever e à natureza dos constituintes da estrutura «pode ir lendo». E ainda: «Radio-ocultação ou radiocultação», «O -s final antes de vogal» e «Plural de coletivo: doçarias».
5. Transcrevemos, com a devida vénia, os seguintes artigos que desenvolvem temas de interesse linguístico:
– «Podia ser pior» é uma expressão bem enraizada nos costumes linguísticos portugueses. Todavia, quando explorada na sua significação e nos contextos em que é usada, pode causar perplexidades, como nos mostra a escritora portuguesa Maria Gaio na sua crónica;
– A professora universitária e linguista Margarita Correia apresenta um artigo dedicado ao turco e às línguas túrquicas, no qual descreve as suas áreas geográficas e os povos que as falam;
– A evolução do ensino do chinês ao longo dos últimos 30 anos em Portugal está na base do artigo de Wang Suoying, professora universitária de chinês em Portugal, já aposentada, no qual faz um balanço do percurso efetuado (sem esquecer o crescimento do ensino do português na China) e dos desafios futuros.