1. Ainda às voltas com a apresentação do Orçamento de Estado para 2023, os portugueses são constantemente confrontados com a palavra recessão, que, no quadro da economia, descreve a diminuição da atividade económica de um país. Trata-se de um substantivo com uma grafia que oferece algumas dificuldades ortográficas que advêm do caráter convencional da relação entre o som /s/ e a sua representação por meio das letras <ç>, <c> ou do dígrafo <ss>. Note-se que este som /s/ pode ainda ser grafado <sc> (descer), <sç> (desça), <x> (trouxer), <xs> (excesso), num total de oito possibilidades, cuja origem se encontra na história da língua e no percurso de evolução das palavras. A juntar-se às dúvidas que a grafia da palavra por vezes oferece encontra-se o facto de existirem palavras parónimas (ou seja, com pronúncia e grafia semelhantes) que vêm exigir uma atenção redobrada para evitar mal-entendidos na comunicação escrita. São elas receção ('ato ou efeito de receber') e ressecção – resseção, no Brasil – ('ação de extrair por meio de cirurgia').
Primeira imagem: O Banqueiro e a mulher, de Quentin Matsys, 1514.
2. Em A covid-19 na língua, registamos a entrada da expressão «números artificiais», que alerta para a possibilidade de os atuais números oficiais relativos às infeções em Portugal por covid-19 estarem abaixo da real situação sanitária.
3. O conceito de exónimo, ou seja, o nome pelo qual um dado nome próprio é conhecido numa outra língua é o ponto de partida para explicar a razão pela qual Lisboa assume em diferentes línguas as formas Lisbon, Lisbonne ou Lisbona, entre outras, o mesmo acontecendo com Brasil (Brazil). A este esclarecimento vem juntar-se uma resposta de âmbito morfológico relativa à formação de biforme e de caça e outra de natureza etimológica referente à palavra alma. No quadro da semântica, analisa-se a função do artigo definido ao incidir sobre um nome e a significação de diferentes termos de âmbito médico. Por fim, reflete-se sobre a função de uma vírgula em Machado de Assis e sobre a identificação de relações de regência do nome numa frase.
4. A presença de termos portugueses na atual língua concani, falada em Goa e restantes regiões da Costa do Malabar, resulta de um lento processo de manutenção de palavras portuguesas, herdadas no processo de contacto de línguas da época da expansão marítima. Aí encontramos palavras como sapatu, sai ou Natal (do português, sapato, saia ou Natal). Estas são algumas das curiosidades trazidas pelo apontamento do publicista e escritor goês Mário Cabral de Sá, publicado originalmente na revista Nam Van, em janeiro de 1986.
5. A Turquia e a situação das línguas faladas no país constituem o ponto de partida para a análise da professora universitária portuguesa Margarita Correia centrada na questão do ensino destas línguas e no respeito pelos direitos humanos (crónica transcrita do Diário de Notícias de10 de outubro de 2022)..
6. A professora universitária brasileira Edleise Mendes enceta, na sua crónica, uma viagem entre as palavras que destroem e as que constroem a utopia de um mundo melhor (crónica divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2).