1. Em Portugal, é sabido que as vogais e, i e u (ou o), quando átonas, são um desafio para a boa dicção. Palavras como ministério e produtividade saem diminuídas sob formas como "mnistério" e "prutividade", em consequência da redução vocálica que caracteriza a variedade lusitana. No Pelourinho, um novo apontamento dá conta de mais uma ocorrência deste fenómeno, numa intervenção do primeiro-ministro português no debate quinzenal que decorreu no parlamento português no dia 12 p.p.: o termo competitividade, dando ímpeto ao discurso, acaba silabicamente atropelado pela prolação "comptividade". Na mesma rubrica, outro caso, também em Portugal: os erros, que se tornaram constantes, num concurso televisivo... visando a cultura geral dos telespectadores.
2. A presente atualização traz seis novas questões ao consultório: como soa o o da penúltima sílaba de carbono? Será a locução «com relação a» tão correta como «em relação a»? Uma pessoa que tem as nacionalidades italiana e alemã é "italiana-alemã" ou italiano-alemã? Qual a função sintática do constituinte «da burla» na expressão «história universal da burla»? Que tipo de antecedente tem a locução pronominal relativa «o que»? Porque se diz «tem-la, como em «tu tem-la visto», e não «tem-na»?
3. Registe-se, entre as notícias que correm, a iniciativa do Governo português para um plano de não retenção no ensino básico (do 1.º ao 9.º anos), medida que gerou discussão parlamentar no debate quinzenal acima referido. Vem, portanto, a propósito mencionar os dados que a Eurostat, a organização estatística da Comissão Europeia, faculta quanto às diferenças e dificuldades existentes entre os jovens com menos de 15 anos da União Europeia na vertente da compreensão da escrita no período 2000/2015. A respeito desta competência, sublinha o blogue Grazia Tanta (publicação de 11/11/2019): «As melhorias mais significativas observam-se na Letónia, no Luxemburgo e em Portugal [...]. A evolução da situação em Portugal é bem positiva, situando-se o país em 2015 com um indicador melhor do que a média europeia, o que não acontecia quinze anos antes; e agora com uma grande aproximação ao valor apresentado por Espanha.» A mesma evolução positiva de Portugal se repete na Matemática e nas Ciências. Espera-se, portanto, que as medidas governamentais contribuam para manter, se não para melhorar, os indicadores portugueses.
4. Faça-se ainda referência a uma novidade no reforço da presença do português no domínio das tecnologias: a variedade de Portugal passou a estar igualmente disponível no assistente digital da Google, ferramenta que permite uma conversa natural com o smartphone para controlar uma série de funcionalidades (por exemplo, regular luzes da casa ou definir o despertador). Como assinala o jornal digital Observador, «a partir desta quinta-feira [14/11/2019], não há "pá", "'bora" ou "'tá" que fique despercebido»
5. Em ambos os programas que a Associação Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa, volta-se a focar a decisão da UNESCO de instituir o Dia Mundial da Língua Portuguesa, comemorado a 5 de maio (ver também nas Notícias), com entrevistas a António Sampaio da Nóvoa , embaixador português na UNESCO, e Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Recorde-se que o programa Língua de Todos é transmitido pela RDP África na sexta-feira, dia 15 de novembro, pelas 13h20*. O Páginas de Português vai para o ar na Antena 2, no domingo, 17 de novembro, pelas 12h30*.
* Ambos os programas são repetidos: o Língua de Todos, no sábado, dia 16 de novembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português no sábado seguinte, dia 23 de novembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.