Rococó, que nos chegou pelo francês rocaille («pequenas pedras, seixos») e coquille (casca, “concha”, por aproximação de tradução), como qualquer palavra portuguesa*, escreve-se apenas com um acento, no último o.
Hipótese plausível para explicação do erro: quem escreveu a legenda poderá ter sido induzido pela pronúncia do termo, com as três vogais bem abertas – /ròkòkó/. Convenhamos, porém, que é, no mínimo, surpreendente uma incorreção destas num concurso, na televisão pública portuguesa, que visa a cultura geral dos telespetadores. Ainda por cima, já são vezes em demasia que este Joker tropeça no português mais básico**...
* Vide Grande Dicionário da Língua Portuguesa («Estilo artístico, com manifestações relevantes, sobretudo nas artes plásticas que se desenvolveu no século XVIII e que se caracterizava pelo preciosismo estilístico. pela graciosidade e pela elegância das formas e por temas sentimentais e frivolamente idílicos») e Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa [«Período histórico e estilo original na França, após a morte de Luís XIV, em 1715, e que ger. são subdividos em três fases: Regência, Luís XV ou Mme. Pompadour e Luís XVI ou Maria Antonieta (Em Portugal, o estilo só se desenvolve após a morte de D. João V, em 1750, e no Brasil, esp. no eixo Rio-Minas, as obras de seus artistas mais célebres, como o mestre Valentim e o Aleijadinho, datam dos últimos ando do séc. XVIII e primeiros do séc. XIX»)]. E o registo, bem mais antigo, no Vocabulário da Língua Portuguesa (ed. 1966), de F. Rebelo Gonçalves («Rococó. s.m. e adj. 2 gén.»).
** Cf. "A falta que faz o ponto abreviativo", "Língua... muito enferrujada" e "O homem que virou adjetivo".