1. Em Portugal, a campanha para as eleições legislativas antecipadas aproxima-se do termo, já que 30 de janeiro é dia de sufrágio. Contudo, fazendo frente às contingências da pandemia, possibilitaram-se formas de voto antecipado, como a que decorreu em 23 de janeiro. Nesta data, a propósito do processo eleitoral, o programa de rádio Páginas de Português (Antena 2) incluiu um apontamento da professora Carla Marques sobre a etimologia do nome voto e a semântica do verbo correspondente, votar – texto também disponível em O Nosso Idioma.
2. As opiniões e as notícias continuam desencontradas no tocante ao evoluir da pandemia – ler aqui e aqui. Com a vacinação, perspetiva-se uma redução do número de fatalidades, apesar do fácil contágio da variante ómicron e de outras que eventualmente surjam. Fala-se, portanto, com alguma esperança da desejada situação de «imunidade geral», termo que, na presente atualização, dá entrada na rubrica A covid-19 na língua.
3. O famigerado gerúndio, forma verbal invariável, terminada em -ndo (amando, sabendo, sorrindo) e tantas vezes criticada, ocorre corretamente em construções frásicas que requerem alguma análise detida, mas longe de inacessível aos mais receosos das subtilezas da sintaxe. Numa nova resposta do Consultório, comenta-se precisamente um caso de oração de gerúndio (ou oração gerundiva), a par de outros quatro tópicos: ainda no âmbito sintático, a análise de «edifício da empresa»; no campo do léxico e da sua distribuição por registos linguísticos, a palavra caga-tacos (calão); na perspetiva da morfologia, a boa formação de subponderar e sobreponderar; e, no domínio da pontuação, o uso de pontos para destaque de palavras num parágrafo, a propósito de uma sequência do livro Um de nós mente de Karen M. McManus.
4. Virando a atenção para Angola, onde a questão da diversidade linguística do país tem tanta vitalidade como o debate à volta do português como língua nacional, justificam-se três registos:
– A publicação do número 8 da gazeta Lavra & Oficina (outubro, novembro e dezembro de 2021), produzida pela União de Escritores Angolanos, que dedica esta edição ao binómio literatura-poder no contexto angolano.
– Uma nota sobre o léxico angolano de filiação bantu da autoria do investigador e professor universitário Bonifácio Tchimboto (Benguela), e acerca do significado linguístico e cultural de kasinda, que, como nome próprio – Kasinda –, alude à pessoa que nasceu depois de gémeos. À palavra associa-se a visão de os irmãos mais velhos "puxarem" (nascerem antes) os mais novos e estes empurrarem aqueles, o que motiva um uso específico de puxar no português de Angola: «ouvimos muitas vezes gente a dizer o fulano puxou o sicrano» ou seja, «nasceu imediatamente antes de sicrano.»
– Por último, uma efeméride de 25 de janeiro: o Dia da Cidade de Luanda, fundada há 446 anos, conforme sublinha a Angop (Agência Angola Press).
A respeito do falar da capital angolana, leiam-se "Luandês, a nova língua da lusofonia", "Ainda sobre o luandês" e "O linguajar luandense".