O significado de materializar
Em vídeo nas redes sociais, um entrevistador pergunta a uma menina: «Você pode materializar essa ideia em palavras?»
Um rapaz, nos comentários, disse que ele precisava estudar mais, porque o correto naquele contexto seria apenas verbalizar, e que materializar não é correto. Ele argumentou dizendo que para materializar teria que «criar matéria», e que o som ou a «forma das palavras» são meio e não matéria. Por isso, ele fala que não se materializam palavras.
Porém, eu disse que, no sentido figurado, faz sentido. Além de que o som forma a matéria, assim como quando alguém "materializa uma ideia" em argila. Não está criando matéria, só dando forma a ela.
Ele então respondeu que nesse caso não seria correto pois o som é vibração, e vibração não dá forma à matéria, ao que respondi que forma "momentaneamente"a matéria.
Qual a opinião de vocês sobre o assunto?
Agradeço.
Estilo e voz passiva
Tenho notado um aumento no uso de construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais. Exemplos:
– «Relativamente ao assunto XXX, questiona-se o motivo de serem comunicados zero incidentes», por uma Câmara Municipal;
ou
– «Mais se refere que do email do senhor condómino não se entende que ponto é que pretende ver esclarecido», por uma empresa gestora de condomínios.
Este tipo de formulação parece-me uma coisa recente que não existia há alguns anos. As minhas dúvidas são:
1) Existe alguma razão gramatical, estilística ou até institucional para esta preferência por estruturas passivas ou impessoais?
2) Trata-se de uma tendência recente na língua portuguesa (de Portugal)?
3) Há vantagens específicas em termos de tom, neutralidade ou responsabilidade ao usar este tipo de construção?
Agradeço desde já qualquer esclarecimento!
A determinação em grupos nominais
Agradecendo o vosso excelente trabalho, peço o favor de me ser esclarecido se são aceitáveis, em português (nas diversas variantes da língua), formulações como as seguintes:
(1) «Cientistas da Universidade X descobriram recentemente... »
(2) «O projeto visa criar oportunidades para que agentes culturais se sentem à mesma mesa.»
Não seria necessário inserir um artigo, ou outro termo, antes dos nomes no plural em cada uma das frases («cientistas», «agentes»)?
Muito obrigada.
Uma frase de A. Herculano: «quis nas coisas filológicas»
Ao prefaciar o Dicionário Etimológico Resumido da Língua Portuguesa do prof. Antenor Nascentes, o prof. Celso Ferreira da Cunha escreveu isto (mantendo-se a grafia da época):
«Ao chegar a êste ponto de uma vida inteiramente devotada à ciência [...], o professor Nascentes teria o direito de exclamar, aplicando ao seu campo de atividade a célebre frase de Herculano: "Fui um homem que quis nas coisas filológicas".»
Qual é o significado de querer como consta na frase citada por Celso, uma vez que o verbo, no contexto em questão, rege uma peculiar preposição em?
Já procurei em diversos dicionários, e não encontrei uma definição satisfatória; suponho que o verbo "querer", na frase, assuma o mesmo sentido de «realizar-se», mas não tenho a certeza.
Desde já, agradeço: aprecio muito a iniciativa do Ciberdúvidas!
O uso adverbial de pouco: «depressa e bem há pouco quem»
No provérbio «Depressa e bem há pouco quem», a palavra pouco é advérbio de quantidade, modificando o verbo há?
Ou é pronome indefinido, referindo-se a poucos, interpretando-se como «Depressa e bem há poucos que o fazem», por exemplo?
Obrigada.
Coesão e o possessivo seu
Na frase «A falta de gravidade também pode afetar SEUS sistemas imunológico e cardiovascular, SUA visão e SEU próprio DNA», os pronomes em caixa alta representam que tipo de coesão?
Sequencial? Referencial?
De que tipo e por que?
Obrigado.
Acentos e acrósticos
Os acrósticos têm que respeitar a acentuação ortográfica das palavras, ou a acentuação é opcional para a sua construção?
A estrutura coordenada «sem... nem...»
Usando outro dia um aplicativo bancário , eis que me deparo com a seguinte instrução para reconhecimento facial: «Bem iluminado, sem pessoas e objetos ao redor.»
Assim , por gentileza, está correta essa construção?
Ou seria mesmo correto substituir o e por «e sem» ou nem?
Sobre a pertinência do anglicismo voucher
Fico sem saber a verdadeira abrangência da palavra voucher, até porque não me lembro de me terem ensinado uma tal coisa em português.
É que quase todos os ministros têm anunciado vouchers, até os da educação… com o significado de «atestado de pagamento».
Será que também se pode dizer «O voucher do Douro é uma paisagem magnífica!»?
Ou, afirmando a alguém que aceitamos um acordo, «Voucher»?
E deveremos dizer aos ministros, especialmente os da educação «assim não voucher»?
Obrigado.
O valor modal do verbo desconfiar
A frase «desconfio de que possa não estar bom tempo para praia» está indicada num manual como exprimindo a modalidade epistémica com valor de certeza.
Agradecia uma explicação para esta classificação.
Obrigada.
