DÚVIDAS

Superlativo, advérbios em -mente e «coisíssima nenhuma»

Preciso de saber se existe alguma regra para criar o superlativo do advérbio através de -issimamente. É possível usar tal forma sempre, ou há um limite (além dos superlativos irregulares, como optimamente, pessimamente, etc.)? Usa-se muito na língua falada?

Também queria perguntar se a palavra coisíssima, usada, por exemplo, na frase «Eu não quero coisíssima nenhuma», é correcta ou se é usada só na língua vulgar.

Resposta

Os advérbios rapidissimamente, pessimamente e optimamente seguem a regra geral de construção de advérbios em -mente a partir de adjectivos. Segundo essa regra, se o adjectivo terminar em consoante, associa-se-lhe -mente sem qualquer vogal de ligação, como em agradávelagradavelmente. Quando o adjectivo for biforme quanto ao género, o sufixo -mente associa-se à forma feminina.

Habitualmente esta forma de criar advérbios utiliza-se a partir do adjectivo no grau normal, ou positivo: linda lindamente; rápida rapidamente. Nos casos que apresenta, o advérbio construiu-se a partir do superlativo absoluto sintético do adjectivo: rápida rapidíssima rapidissimamente (de uso pontual e, habitualmente na oralidade e em contextos específicos); boa óptima optimamente; péssima pessimamente. Estes últimos utilizam-se tanto na oralidade quanto na escrita, veiculando sempre uma ideia de reforço ou intensidade que já se encontra no adjectivo.

Os advérbios em -mente formados a partir de adjectivos no grau superlativo absoluto são menos comuns do que os que se formam a partir de adjectivos no grau normal. Pessimamente e optimamente são talvez os mais comuns e usam-se tanto na escrita como na oralidade, desde que haja a intenção de realçar ou intensificar uma ideia.

Os advérbios formados a partir de um adjectivo que faz o grau superlativo terminando em -íssimo(a) são raros e de uso oral e informal.

Note-se que os adjectivos óptimo(a) e péssimo(a) são muitas vezes usados com valor adverbial, por exemplo, em contextos de pergunta-resposta:

Tudo bem?
Tudo óptimo.

A expressão «coisíssima nenhuma» é correcta e bastante usada, mas em linguagem informal, ou vulgar. Não deverá, pois, ser usada num texto formal.

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