Sobre o inventado verbo «teadorar/Intransitivo:/Teadoro, Teodora.», neste poema do poeta brasileiro Manuel Bandeira (1886 – 1968), inserto no livro Belo Belo.
Sobre o inventado verbo «teadorar/Intransitivo:/Teadoro, Teodora.», neste poema do poeta brasileiro Manuel Bandeira (1886 – 1968), inserto no livro Belo Belo.
Esta língua é como um elástico
que espicharam pelo mundo.
No início era tensa,
de tão clássica.
Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas.
Um elástico que já não se pode
mais trocar, de tão gasto;
nem se arrebenta mais, de tão forte.
Um elástico assim como é a vida
que nunca volta ao ponto de partida.
«ANTIGAMENTE, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais, e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica»
Extrato de uma crónica de Carlos Drumond de Andrade, in Quadrante (1962), obra coletiva reproduzida em Caminhos de João Brandão, José Olympio, 1970
Crónica da escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977) , incluída no livro A Descoberta do Mundo, editado postumamente, em 1984.
1.
2.
Sejam quais forem as reacções necessárias e fatais entre a grandeza de um povo e a difusibilidade da sua língua, o certo é que poucos povos teem tido uma história tão grande como o povo português, e que também poucas línguas teem hoje uma geografia tão dilatada como a portuguesa língua.
A Língua em que navego, marinheiro,
Na proa das vogais e consoantes,
É a que me chega em indas incessantes
Na praia deste poema aventureiro.
É a Língua Portuguesa — a que primeiro
Transpôs o abismo e as dores velejantes,
No mistério das águas mais distantes,
E que agora me banha por inteiro.
Língua de sol, espuma e maresia,
Que a nau dos sonhadores-navegantes
Atravessa a caminho dos Instantes,
Cruzando o Bojador de cada dia.
Ó Língua-Mar, viajando em todos nós!
No teu sal, singra errante a minha voz.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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