Nós prezamos tão pouco a nossa língua,
Que tão sómente as outras aprendemos,
Em desar da nativa; e a ser-nos dado,
Na francesa escrevêramos, faláramos,
Como já na espanhola, por lisonja
E por louca vaidade, compusemos!
[...]
Falemos português brando e sonoro
A portugueses que entender-nos cabe.
E se espertos me argúem os peraltas
Que as riquezas vocais que assim pretendo
Introduzir, empecem à clareza
Da língua, e que o vulgar dos portugueses
Não pode súbito abranger o senso
Das vozes clássicas, remotas do uso
(...)