Sejam quais forem as reacções necessárias e fatais entre a grandeza de um povo e a difusibilidade da sua língua, o certo é que poucos povos teem tido uma história tão grande como o povo português, e que também poucas línguas teem hoje uma geografia tão dilatada como a portuguesa língua.
E basta às vezes pensar na vastidão do território onde ela é entendida, e onde são amadas e mais ou menos cultivadas as suas graças e louçanias, para se dissipar em nós esse vago receio de que venha a desaparecer algum dia da face do globo essa língua, em que tão belas obras-primas teem sido moldadas.
Trecho de uma carta (publicado no n.º 10 da Revista Moderna, de Paris, 20 de Novembro de 1897) in Paladinos da Linguagem, 2.º vol., Paris-Lisboa, Aillaud e Bertrand, 1922 (manteve-se ortografia da fonte)