Na frase «De muitos destes trabalhos sobram certos novelinhos», como devemos classificar morfologicamente muitos — pronome, ou determinante?
Obrigada pela atenção dispensada.
Aguardo resposta.
Na frase «Estes seres e aqueles ficam à minha guarda» (A Fada Oriana), minha é um pronome, ou um determinante possessivo?
Agradeço a atenção!
Gostaria de saber a função da conjunção «não obstante», isto é, porque é enquadrada como conjunção adversativa (que penso obstar tem o significado de oposição e ficaria como aditiva: não obstante?!?!)
E que significa ubérrimo (estava lendo úbere é mamilo), sendo esse superlativo absoluto sintético é, portanto, o quê: peituda, grande peito ou o quê?!?
Um obrigadão à atenção, estou ansioso esperando esclarecimentos.
Com quatro gramáticas, duas das quais de 2009, obtenho subclasses diferentes do nome, mas o que me interessa saber mais especificamente é se os nomes colectivos passam a constituir-se como subclasses dos comuns, passando a designar-se nomes comuns colectivos (como está numa gramática de 2009, da Areal Editores), ou não, uma vez que as outras não dão essa indicação, classificando-os apenas como nomes colectivos e como subclasse do nome.
Grata pela atenção!
As expressões «em casa» e «no parque» podem ser consideradas locuções adverbiais, uma vez que têm o valor de um advérbio (aqui ou lá, por exemplo)?
Obrigada.
Como se classifica quando nas frases apresentadas?
«Estavam agora terrivelmente enervados e não sabiam o que haviam de fazer, quando o ministro americano se lembrou de repente de que dera autorização...» e «Mal tinha, porém, andado umas milhas, quando ouviu alguém a galopar ao seu encalço».
Gostaria igualmente que me explicassem o significado de «mal tinha».
Muito obrigado!
Na frase «Compraste pouco material», como classificamos a palavra pouco: advérbio de intensidade/quantidade, ou determinante indefinido?
Por definição dizemos que os determinantes precedem os nomes, mas, nas seguintes frases, como podemos classificar a palavra o que precede o advérbio mais e o pronome teu?
«O João é o mais sábio.»
«O meu carro avariou, e o teu?»
Ensinamos aos alunos que pertencem à mesma classe as palavras que se podem substituir entre si no eixo paradigmático, mantendo a gramaticalidade da frase. Ora, o critério distributivo não é aplicável à classe dos quantificadores, uma vez que se podem comportar como determinantes (quantificadores existenciais, universais e interrogativos), mas também podem ter um comportamento misto, precedendo o nome ou substituindo o grupo nominal (quantificadores numerais). Se a distinção determinante/quantificador tem apenas uma base semântica, como evitar a mera memorização de definições (e de listas de palavras) no trabalho de explicitação com os alunos?
Já em relação aos pronomes indefinidos, o DT não fixou qualquer alteração relativamente à tradição gramatical, ao associar na mesma subclasse o uso pronominal dos determinantes indefinidos e dos quantificadores existenciais, universais e interrogativos. A base semântica, relevante para fixar a quantificação nominal, não foi aqui considerada.
Tenho, pois, as maiores dúvidas sobre a condução de um processo de observação que permita tirar conclusões e sistematizar as propriedades das classes e subclasses em apreço:
Determinante indefinido vs. pronome indefinido
Vieram [outros] alunos./Vieram [outros].
Mas... quantificador (existencial/universal) vs. pronome indefinido
Vieram [alguns] alunos./Vieram [alguns].
Vieram [todos] os alunos./Vieram [todos].
Sempre... quantificador numeral
Vieram [dois] alunos./Vieram [dois].
Espero ter conseguido explicar as minhas dúvidas. Obrigada pela atenção.
Saúdo o regresso do nosso Ciberdúvidas. Ele faz falta a quem, diariamente, há anos, se lhe habituou à companhia.
1. Pequeno comentário à seguinte resposta vossa:
«a palavra queijo, apesar de não ter uma concretização lexical na segunda oração, acaba por estar presente de forma subentendida: «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um [queijo].»
— Logo, aquele segundo um seria artigo indefinido, como o primeiro.
Não seguimos tal opinião. Os pronomes estão sempre em vez duma palavra que, ausente, poderia estar presente. Mas, porque o não estão, é que há pronomes.
Se fosse válido este princípio do Ciber, desapareceriam os pronomes possessivos, demonstrativos e muitos indefinidos. E eles fazem falta ao estudo da frase.
A análise categorial tem de ser capaz de atribuir categoria às palavras da frase — independentemente daquelas que lá poderiam estar.
2. Embora seja aceitável (?) a classificação daqueles um como determinantes artigos indefinidos, é minha opinião que se trata de dois quantificadores, sendo um adjectival e outro pronominal.
«Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um» [Fiquei com dois].
3. Porque tenho muito respeito pelo trabalho dos colegas, só discordo se propuser uma alternativa. É o que faço agora:
«Eu comprei um queijo...»
— um: quantificador adjectival determinativo (numeral cardinal)
«e tu ainda me deste um»
— um: quantificador pronominal (numeral cardinal).
Justificação:
Os quantificadores constituem uma categoria gramatical de cariz predominantemente semântico que, no entanto, lhes não cumula a função. Na realidade, eles desempenham uma função transversal a diversas categorias de palavras, e podem ser quantificadores adjectivais, pronominais e adverbiais.
Na análise categorial, é nossa opinião que deveremos sempre referir a classe própria: quantificador, seguida da classificação categorial complementar.
Foi o que fizemos na descrição proposta.
Eu teria muito gosto em discutir esta análise com o Autor da resposta — eu não sou dono da Verdade! — mas não é — não tem sido — esse o entendimento do Ciber, e só me resta aceitar.
Nas frases «esse livro é igual ao meu» e «o seu livro é igual ao meu», a impressão que eu tenho é de que no primeiro exemplo o «o» antes de «meu» seria um pronome demonstrativo, e na segunda, um artigo definido. Justifico tal posição pelo fato de que na primeira frase o primeiro pronome é outro demonstrativo (esse) e a segunda frase inicia com artigo. Concluo isso através do que se me apresenta como paralelismo na frase. Há respaldo teórico para essa minha, digamos, opinião? Coincide com a teoria gramatical que por vezes é divergente entre os autores em alguns pontos?
Na verdade, pesquisando na Internet, percebi que há posições divergentes até mesmo em relação à definição de pronome possessivo adjetivo/substantivo. Há quem diga que numa frase como «Pegue seu ônibus, que eu pegarei o meu», o segundo «meu» seria substantivo, já que não antecede nome, e outros que dizem que o nome (substantivo) está subentendido, e que por isso, então, seria um pronome adjetivo.
Leigo na área, e no entanto interessado, formulei algumas hipóteses, e gostaria que respondessem às minhas questões incluídas nas minhas hipóteses. Ei-las:
1) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo adjetivo, haveria duas possibilidades para tal. a) O «meu» estaria adjetivando um substantivo subentendido no contexto, e o «o» seria um artigo definido, e tanto o artigo «o» como o pronome adjetivo «meu» desempenhariam a função de adjuntos adnominais do substantivo subentendido. b) O «meu» serviria como um pronome adjetivo posposto ao pronome substantivo demonstrativo «o», e assim estaria o adjetivando.
2) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo substantivo, haveria somente a possibilidade de se entender o «o» como artigo definido que substantiva o pronome, uma vez que se o «o» for entendido, nesse contexto de consideração, como um pronome demonstrativo, só poderia ser de um valor substantivo, assim recebendo a adjetivação do pronome possessivo «meu», que então desempenharia função de adjunto adnominal [isso recairia na própria hipótese b) do item anterior].
De todo modo, às vezes tenho a impressão de que um o ou a antes de um possessivo invariavelmente seria um artigo, em qualquer contexto... Como uma espécie de «locução necessária».
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