Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Variedades linguísticas
Paulo Pereira Engenheiro Londrina, Brasil 6K

Eu sou um portuense que já viveu em Coimbra e Lisboa. Agora vivo em Londrina, no Brasil.

Se é verdade que o povo da classe baixa de Coimbra fala surpreendentemente com "b", não deixa de ser verdade que a classe culta de Coimbra fala muito parecido com aquilo que nós temos como padrão.

A classe alta do Porto e de Lisboa precisa de fazer muito esforço para falar "corretamente". Mande um lisboeta dizer «O rio riu para mim» ou mande um portuense dizer «A imagem e o som são excelentes» e logo verá o que pretendo dizer.

Agora, aquilo que me surpreendeu é que os brasileiros falam à "moda do Porto".

Desde pequeno, me tinha dado conta de que o "ão" no Porto tinha sons completamente diferentes conforme as palavras, assim como o "om": "naum" para "não"; "bão" para "bom"; "mom" para "mão", etc.

Acontece que, quando cheguei ao Brasil, reparei que as pessoas também seguiam essa linha. A coisa acontece num estilo totalmente diferente, só uma pessoa com o "bichinho" da língua nota nisso.

Contudo, pensei para mim: «sou um bairrista incurável.»

Por razões profissionais comecei a usar muito o MSN em atendimento técnico, etc. Para surpresa minha, as pessoas não só falam como escrevem consciente e irreverentemente "naum" para "não",
"bão" para "bom", etc.

Inclusivamente já há imagens animadas associadas a essa maneira errada para escrever...

A minha pergunta é existe alguma explicação linguística para isso?

Obrigado!

Nélida d´Oliveira Estudante Lisboa, Portugal 5K

Tenho como tema de trabalho «Sincronia e diacronia do sistema temporal português». Gostaria muito de obter alguma informação a propósito do tema que mencionei. A sincronia está relacionada com a variação no tempo, assim como a diacronia está relacionada com a variação no espaço?

José Vasconcelos Rio de Janeiro, Brasil 7K

No documento Brasil. Congresso. Câmara dos Deputados. Manual de redação — Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. 420 p. — (Série fontes de referência. Guias e manuais ; n. 17), há a seguinte informação: «Nas indicações de tempo ou do lugar dentro do qual ocorre a ação, usa-se a preposição "em": Chegamos (Fomos/Voltamos/Retornamos) na hora marcada; A comitiva chegou (foi/voltou/retornou) no avião presidencial.»

Quero saber se está correto o dito acima. Grato.

João Santa Rita Jurista Lisboa, Portugal 15K

É frequente ouvir-se dizer que a pronúncia de Coimbra é a mais correcta — ou a pronúncia-padrão. Por outro lado, em algumas respostas do Ciberdúvidas fala-se na pronúncia de Lisboa ou na pronúncia de Coimbra. A questão que coloco é a seguinte: há uma pronúncia de Coimbra? E qual é? É a dos académicos ou a dos camponeses que vivem na região de Coimbra? Ou a dos empregados de escritório? E a das pessoas nascidas no Porto que vivem em Coimbra, é de Coimbra ou do Porto? Onde está o estudo estatístico que demonstra que em Coimbra se diz, na maioria das vezes, a palavra X da maneira Y? Ou será tudo intuição?

Penso que a referência a uma pronúncia de Coimbra, e à sua correcção, não passa de um mito, com origens no facto de em Coimbra estar a universidade — de onde vêm os bem-falantes e até a norma. Quem fez o estudo estatístico que conclui que a maioria dos residentes em Coimbra diz determinadas palavras de uma certa maneira? E quem fez o mesmo estudo para as restantes regiões de Portugal, de forma a que se possa fazer o contraponto? E quantas palavras ou ditongos se dizem de maneira diferente? E por que razão essa maneira diferente é a correcta ou a incorrecta?

Penso que ainda que se tenha como padrão a forma de dizer constante dos dicionários de referência, não há nenhum estudo feito com amostras da população de Coimbra e das populações das restantes regiões de Portugal que demonstre que a maior percentagem de palavras correctas é dita pela população da região de Coimbra.

Não existindo tal estudo — pedia que me dissessem se existe —, a afirmação de que o português de Coimbra é o mais correcto não passa de uma tolice infelizmente muito repetida.

Juliana Pirangelo Estudante São Paulo, Brasil 5K

Gostaria de saber como se pronuncia a palavra bacalhau em Portugal.

Rosário Dias Diogo Revisora/preparadora de texto Lisboa, Portugal 7K

Gostaria que me ajudassem a perceber como se deve grafar a palavra (ou palavras) "marca de água" (como sinónimo de filigrana). Será "marca de água", "marca-de-água", ou "marca-d´água"? Alguns dicionários registam-na sem hífen, mas eu pergunto-me se esta não será uma palavra composta (substantivo + preposição + substantivo). Obrigada.

Catarina Alves Estudante Lisboa, Portugal 49K

Gostaria de saber o que é fubá.

Gostaria de fazer uma receita de bolo de fubá e é desesperante não conseguir encontrar nada com o nome fubá ou «farinha de fubá» nos supermercados, na secção das farinhas! Terá um nome diferente em Portugal, ou não existe mesmo cá?

Há quem diga que é apenas farinha de milho, mas, sendo assim, o que será o «fubá de arroz», que vemos em algumas receitas brasileiras?

Muito obrigada pela atenção.

Luciano Eduardo de Oliveira Professor Botucatu, Brasil 9K

Já vi que alguns portugueses parecem preferir a ênclise mesmo em casos em que a próclise é de rigor, como depois de pronomes indefinidos. Isso aceita-se em Portugal como correto, ou trata-se dum erro cometido pelo autor do excerto abaixo?

«Se uns empregam o nome da moeda única com [ó], muitos encaram-no como uma palavra grave e articulam a letra como [u], ou seja, o som que é esperar na posição átona final de uma palavra em português, incluindo a variante do Brasil (cf. porto, canto, debaixo).»

Outros exemplos de ênclise "proibida" que tenho visto entre portugueses, tanto na escrita quanto na fala, ocorre depois da palavra porque. Considera-se correto em Portugal, ou é que de fato os portugueses adoram a ênclise, diferentemente dos brasileiros, que têm uma quedinha pela próclise?

Muito obrigado por considerarem a minha achega.

Cláudia Meira Engenheira Porto, Portugal 14K

Gostaria de saber como se escreve correctamente a expressão «estar teso como um...»:  "birote"? "virote"? "barrote"? Alguém sabe de onde vem esta expressão? Na minha zona as pessoas costumam dizer "birote", mas essa palavra não existe! Obrigada.

Rita Melo, Cristina Parreira, Maria Freire Docentes Porto, Portugal 91K

Estamos a levar a cabo um pequeno trabalho sobre a pronominalização de complementos directo e indirecto. Temos vindo a verificar um fenómeno interessante: os falantes usam frequentemente -lhe em pronominalizações que deveriam ser -o/a ou -os/as. Exemplo: «Ele viu o João ontem à tarde» — *«Ele viu-lhe ontem à tarde», entre outros. Gostaríamos de saber se também verificou esta ocorrência e quais as possíveis explicações para este facto. Também gostaríamos de questioná-lo sobre a existência de algum artigo relativo a este aspecto que poderíamos consultar. Desde já agradecemos a sua atenção. Saudações linguísticas...