Eu sou um portuense que já viveu em Coimbra e Lisboa. Agora vivo em Londrina, no Brasil.
Se é verdade que o povo da classe baixa de Coimbra fala surpreendentemente com "b", não deixa de ser verdade que a classe culta de Coimbra fala muito parecido com aquilo que nós temos como padrão.
A classe alta do Porto e de Lisboa precisa de fazer muito esforço para falar "corretamente". Mande um lisboeta dizer «O rio riu para mim» ou mande um portuense dizer «A imagem e o som são excelentes» e logo verá o que pretendo dizer.
Agora, aquilo que me surpreendeu é que os brasileiros falam à "moda do Porto".
Desde pequeno, me tinha dado conta de que o "ão" no Porto tinha sons completamente diferentes conforme as palavras, assim como o "om": "naum" para "não"; "bão" para "bom"; "mom" para "mão", etc.
Acontece que, quando cheguei ao Brasil, reparei que as pessoas também seguiam essa linha. A coisa acontece num estilo totalmente diferente, só uma pessoa com o "bichinho" da língua nota nisso.
Contudo, pensei para mim: «sou um bairrista incurável.»
Por razões profissionais comecei a usar muito o MSN em atendimento técnico, etc. Para surpresa minha, as pessoas não só falam como escrevem consciente e irreverentemente "naum" para "não",
"bão" para "bom", etc.
Inclusivamente já há imagens animadas associadas a essa maneira errada para escrever...
A minha pergunta é existe alguma explicação linguística para isso?
Obrigado!
Tenho como tema de trabalho «Sincronia e diacronia do sistema temporal português». Gostaria muito de obter alguma informação a propósito do tema que mencionei. A sincronia está relacionada com a variação no tempo, assim como a diacronia está relacionada com a variação no espaço?
No documento Brasil. Congresso. Câmara dos Deputados. Manual de redação — Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. 420 p. — (Série fontes de referência. Guias e manuais ; n. 17), há a seguinte informação: «Nas indicações de tempo ou do lugar dentro do qual ocorre a ação, usa-se a preposição "em": Chegamos (Fomos/Voltamos/Retornamos) na hora marcada; A comitiva chegou (foi/voltou/retornou) no avião presidencial.»
Quero saber se está correto o dito acima. Grato.
É frequente ouvir-se dizer que a pronúncia de Coimbra é a mais correcta — ou a pronúncia-padrão. Por outro lado, em algumas respostas do Ciberdúvidas fala-se na pronúncia de Lisboa ou na pronúncia de Coimbra. A questão que coloco é a seguinte: há uma pronúncia de Coimbra? E qual é? É a dos académicos ou a dos camponeses que vivem na região de Coimbra? Ou a dos empregados de escritório? E a das pessoas nascidas no Porto que vivem em Coimbra, é de Coimbra ou do Porto? Onde está o estudo estatístico que demonstra que em Coimbra se diz, na maioria das vezes, a palavra X da maneira Y? Ou será tudo intuição?
Penso que a referência a uma pronúncia de Coimbra, e à sua correcção, não passa de um mito, com origens no facto de em Coimbra estar a universidade — de onde vêm os bem-falantes e até a norma. Quem fez o estudo estatístico que conclui que a maioria dos residentes em Coimbra diz determinadas palavras de uma certa maneira? E quem fez o mesmo estudo para as restantes regiões de Portugal, de forma a que se possa fazer o contraponto? E quantas palavras ou ditongos se dizem de maneira diferente? E por que razão essa maneira diferente é a correcta ou a incorrecta?
Penso que ainda que se tenha como padrão a forma de dizer constante dos dicionários de referência, não há nenhum estudo feito com amostras da população de Coimbra e das populações das restantes regiões de Portugal que demonstre que a maior percentagem de palavras correctas é dita pela população da região de Coimbra.
Não existindo tal estudo — pedia que me dissessem se existe —, a afirmação de que o português de Coimbra é o mais correcto não passa de uma tolice infelizmente muito repetida.
Gostaria de saber como se pronuncia a palavra bacalhau em Portugal.
Gostaria que me ajudassem a perceber como se deve grafar a palavra (ou palavras) "marca de água" (como sinónimo de filigrana). Será "marca de água", "marca-de-água", ou "marca-d´água"? Alguns dicionários registam-na sem hífen, mas eu pergunto-me se esta não será uma palavra composta (substantivo + preposição + substantivo). Obrigada.
Gostaria de saber o que é fubá.
Gostaria de fazer uma receita de bolo de fubá e é desesperante não conseguir encontrar nada com o nome fubá ou «farinha de fubá» nos supermercados, na secção das farinhas! Terá um nome diferente em Portugal, ou não existe mesmo cá?
Há quem diga que é apenas farinha de milho, mas, sendo assim, o que será o «fubá de arroz», que vemos em algumas receitas brasileiras?
Muito obrigada pela atenção.
Já vi que alguns portugueses parecem preferir a ênclise mesmo em casos em que a próclise é de rigor, como depois de pronomes indefinidos. Isso aceita-se em Portugal como correto, ou trata-se dum erro cometido pelo autor do excerto abaixo?
«Se uns empregam o nome da moeda única com [ó], muitos encaram-no como uma palavra grave e articulam a letra como [u], ou seja, o som que é esperar na posição átona final de uma palavra em português, incluindo a variante do Brasil (cf. porto, canto, debaixo).»
Outros exemplos de ênclise "proibida" que tenho visto entre portugueses, tanto na escrita quanto na fala, ocorre depois da palavra porque. Considera-se correto em Portugal, ou é que de fato os portugueses adoram a ênclise, diferentemente dos brasileiros, que têm uma quedinha pela próclise?
Muito obrigado por considerarem a minha achega.
Gostaria de saber como se escreve correctamente a expressão «estar teso como um...»: "birote"? "virote"? "barrote"? Alguém sabe de onde vem esta expressão? Na minha zona as pessoas costumam dizer "birote", mas essa palavra não existe! Obrigada.
Estamos a levar a cabo um pequeno trabalho sobre a pronominalização de complementos directo e indirecto. Temos vindo a verificar um fenómeno interessante: os falantes usam frequentemente -lhe em pronominalizações que deveriam ser -o/a ou -os/as. Exemplo: «Ele viu o João ontem à tarde» — *«Ele viu-lhe ontem à tarde», entre outros. Gostaríamos de saber se também verificou esta ocorrência e quais as possíveis explicações para este facto. Também gostaríamos de questioná-lo sobre a existência de algum artigo relativo a este aspecto que poderíamos consultar. Desde já agradecemos a sua atenção. Saudações linguísticas...
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