DÚVIDAS

O uso correto dos tempos verbais
Por favor, analisem as seguintes frases: 1) «Os sindicalistas pediram à direção da Petrobras que garantisse que não haveria demissões.» 2) «Os sindicalistas pediram à direção da Petrobras que garanta que não haverá demissões.» Segundo um linguista brasileiro (Pasquale Cipro Neto), em 1, toda a ação parece circunscrita no passado, razão pela qual foram usadas as formas verbais garantissem (pretérito perfeito do subjuntivo) e haveria (futuro do pretérito do indicativo). Já em 2, foram usadas as formas verbais garanta (presente do indicativo do subjuntivo) e haverá (futuro do presente do indicativo). Segundo seu raciocínio, em 2, indica-se que, se houver demissões, elas ocorrerão no futuro (haverá), mas em relação ao presente (garanta). Já em 1, indica-se que, se houvesse demissões, elas ocorreriam no futuro em relação a todo o fato informado, que parece circunscrito ao passado (pediram). Relativamente ao mesmo tema, analisem o seguinte trecho, retirado da revista Veja (14/03/12): «Presidenta Dilma ordenou ao ministro dos Portos, Leônidas Cristino, que lance até junho o edital de concessão dos portos federais.» Conforme algumas respostas sobre o mesmo tema no Ciberdúvidas, o tempo verbal da subordinada (lance) deve concordar com o da principal (ordenou), que não ocorre nos exemplos acima, porque há um entendimento por aqui (Brasil) – não sei se certo – de que, apesar de a ação da oração principal estar no passado, a ação que se espera da subordinada é para o futuro. O que podem dizer sobre isso?
A função sintática de me
Gostaria de saber a função sintática do pronome oblíquo átono me na seguinte oração: «Não me aperte o braço.»Pensava que se referia a adjunto adnominal do nome braço, uma vez que posso reescrever: «Não apertes o meu braço.» Entretanto, segundo o gramático Napoleão Mendes de Almeida, em sua Gramática Latina, 19.ª edição, p. 22, não se deve classificar assim o referido pronome. Como poderia classificá-lo segundo as gramáticas normativas de Portugal e do Brasil?
O gentílico de Aveiras de Cima
Sou natural de Aveiras de Cima, freguesia do concelho de Azambuja, onde ninguém se entende quanto ao gentílico. Quando era criança, era natural chamar aos habitantes da terra aveirenses, o que propiciava a confusão com os habitantes de Aveiro. A partir de uma certa altura começou a deixar de se usar esta designação, e até a filarmónica local mudou o nome de Filarmónica Recreativa Aveirense para Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima. Actualmente usa-se o termo aveirecense ou aveiricense, que me parece foneticamente errado. Já ouvi o termo cima-aveirense, que me parece mais adequado. Eu propunha o termo veirense, apenas porque, segundo os registos, seria o nome original, já muito antigo, da localidade. Teria havido um fenómeno de evolução fonética. Note-se que os naturais de Guimarães são vimaranenses. Afinal, qual é o termo correcto?
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