As duas formas verbais — imperfeito do indicativo [era] e do conjuntivo [fosse] — estão corretas, porque se trata de um caso em que é possível usar-se o modo indicativo ou/e o conjuntivo.
Enquanto verbos de orações completivas verbais de complemento/objeto direto1— «que fosse», «que era», «que o filme era mais comprido», «que o filme fosse mais comprido» —, selecionadas por um verbo epistémico [«Pensei»], a norma seleciona «o modo indicativo2» (Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 2003, p. 599), mas, por outro lado, também «é possível a ocorrência do modo conjuntivo mesmo quando a frase superior não é negativa [em completivas verbais selecionadas como argumento interno não preposicionado por verbos epistémicos]» (idem, p. 605), o que se pode observar através dos seguintes exemplos:
«Os estudantes pensavam que podiam repetir a prova.»
«Penso que ele ainda está na faculdade a esta hora.»
«Penso que ele ainda esteja na faculdade a esta hora.»
Portanto, uma vez que nos encontramos perante um caso «em que existe opção entre indicativo e conjuntivo, a seleção do modo conjuntivo exprime maior distância do locutor relativamente à verdade do conteúdo proposicional da frase completiva» (idem).
Nota: Importa referir que a única situação, com os verbos epistémicos, «que pode determinar ocorrência obrigatória de conjuntivo na completiva» é quando há «a presença de negação frásica na frase superior» [oração subordinante], como se pode observar nos seguintes exemplos:
«Não penso que ele chegue a tempo do jantar.»
«Não penso que ele *chega a tempo do jantar.» [*agramatical] (idem)
1 As orações completivas com a relação gramatical de complemento/objeto direto «são selecionadas por verbos transitivos e ditransitivos, pertencentes às subclasses dos verbos declarativos (como acrescentar, afirmar, alegar, assegurar, concluir, concordar, confessar, decidir, declarar, dizer, insinuar, jurar, observar, proclamar, prometer, propor, sugerir) e epistémicos (como aceitar, achar, acreditar, admitir, calcular, considerar, crer, descobrir, duvidar, entender, fingir, ignorar, imaginar, pensar, prever, reconhecer, saber, supor, ver), dos verbos de inquirição (como pedir, perguntar), dos verbos avaliativos (como achar bem, achar mal, aprovar, censurar, criticar, deplorar, detestar, gostar, lamentar, louvar, reprovar, suportar, tolerar), dos verbos volitivos e optativos (como desejar, esperar, preferir, pretender, querer, tencionar, tentar), dos verbos declarativos de ordem (como consentir, exigir, ordenar, permitir), dos verbos percetivos (como ouvir, sentir, ver) e dos verbos causativos (como deixar, fazer, mandar)» (idem, p. 609).
2 Segundo Inês Duarte, «nas completivas verbais, o modo indicativo é selecionado por verbos superiores inacusativos [como os verbos: acontecer, ocorrer, parecer, suceder], epistémicos [como os verbos: achar, acreditar, considerar, pensar, saber, supor], declarativos [como os verbos: afirmar, concluir, declarar, dizer, jurar, prometer], de inquirição [como os verbos: investigar, pedir, perguntar] e percetivos [como os verbos: sentir, ouvir, ver]» (idem, p 599).