Entre as formas apresentadas pelo consulente, são possíveis aveirense e cima-aveirense. Como bem se observa na pergunta, aveirense tem realmente o grande inconveniente de se confundir com o gentílico relativo a Aveiro. Cima-aveirense também constitui alternativa a aveirense, tendo em conta o exemplo de Cima Corgo, donde se deduz a forma não atestada cima-corguense. No caso Aveiras de Cima, no qual Cima se segue ao topónimo Aveiras, é possível seguir o modelo de América do Sul ou África do Sul, aos quais correspondem formas gentílicas com inversão da marca de localização: sul-americano e sul-africano. Mas se tanto aveirense como cima-aveirense incomodam os naturais da localidade em apreço, então é de aconselhar o uso de perífrases como «de Aveiras de Cima», para modificar outros substantivos, como acontece com «Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima», com valor adjetival, ou de expressões nominais como «os de Aveiras de Cima», «os naturais de Aveiras de Cima», «a população de Aveiras de Cima».
A forma "aveirecense" é que não se afigura aceitável: a terminação -ecense não tem justificação nem morfológica e etimológica, visto pôr a hipótese de Aveiras ter origem em *aveirec-, radical que os estudos etimológicos não apoiam (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003: «Deve estar relacionado com Aveiro»). Sugiro que esta forma seja o resultado da analogia com os topónimos lamecense ou loricense, correspondentes a Lamego (de Lamecum) e Loriga (supondo o étimo Lorica). "Aveirecense" terá chegado ao uso pela possibilidade de assim se distinguir de aveirense, «relativo ou natural de Aveiro».