DÚVIDAS

Réu, acusado, arguido, suspeito, indiciado, culpado
Quando alguém vai responder em tribunal, parece que nunca acertamos com as designações a atribuir à pessoa que vai responder. Já não querem a designação de culpado, porque isso só depois de sentença transitada em julgado; a de réu também não, porque ainda não é culpado; e a de acusado, porque o Ministério Público ainda não deduziu acusação. Parecem preferir a de arguido, de suspeito, de indiciado... fala-se em «alegado agressor», «alegada transgressão», «alegados factos», etc. No entanto, sobretudo em julgamentos do domínio do cível, a cada passo o tribunal se refere ao réu ou à ré, conforme os casos, e continua a citar-se o aforismo «in dubio pro reo». Será confusão, panóplia de eufemismos? Em que ficamos? Muito agradeço uma resposta.
Labiobicipital
Já lhes enviei minhas dúvidas e pediram-me para dar o contexto. «O lábio glenoidal ântero-superior é o local mais comum de variações anatômicas labioligamentares. Na inserção tipo I, o complexo labialbicipital se fixa firmemente à margem da glenóide, de forma que a sonda de um artroscópio não pode ser inserida entre o lábio e a glenóide. Inserção tipo III do complexo labialbicipital. A seta cheia indica a presença de um p recesso profundo entre o lábio superior e a cavidade glenoidal.» Trata-se de estudo sobre radiografia do ombro. Como escrever corretamente: "lábio-bicipital", ou "labiobicipital", ou ainda "labialbicipital"? Obrigada.
O uso de anglicismos e seu aportuguesamento
nas ciências computacionais
Actualmente não encontro em Portugal qualquer aceitação oficial dos seguintes termos, aplicados às ciências computacionais, e de uso corrente, que passo a enumerar incluindo o seu significado geral: I. "Rasterizar"/"Rasterização" (eng. to raster/rastering) — processo de geração de uma imagem rasterizada (composta por píxeis ou pontos) a partir de uma imagem vectorial (composta por vectores), com o fim de ser apresentada em ecrã, imprimida ou guardada em ficheiro. "Rasterizador" (eng. raster) — Aplicação, função ou extensão de aplicação que processa dados vectoriais multicamada de uma imagem e os transforma, aplica numa só camada para a formação de uma imagem rasterizada. «Imagem rasterizada» (eng. raster image) — imagem composta por píxeis ou pontos. II. "Renderizar" (eng. render) — processo de geração de um resultado a partir de dados de um modelo, por meio de uma aplicação informática e com a finalidade de produzir uma realidade virtual. "Renderizador" (eng. render) — Aplicação, função ou extensão de aplicação que procede à criação do resultado que representa uma realidade virtual. "Renderização" (rendering) — acto de renderizar, objecto renderizado. «Imagem renderizada» (rendered image) — imagem processada segundo dados de um modelo com a propósito de representar uma realidade virtual. (Uma realidade virtual é um objecto criado por computador que apresenta as características visuais de uma realidade possível ou não). Esta terminologia é aplicada nas áreas da construção civil (ex.: projectos CAD 3D), medicina (imagologia), produção cinematográfica/televisiva. Quais são os critérios que levam «à criação de uma palavra genuinamente portuguesa que corresponda» a rastering, quando a palavra está em uso, tem significado definido e aceite? Sendo a palavra original uma invenção/adaptação de uma palavra inglesa, dada a multiplicidade de influências e origem do idioma português, o que quer dizer ou se pode esperar uma «palavra genuinamente portuguesa» quando o conceito não foi inventado neste país?
O uso da preposição de na terminologia geológica
A definição e caracterização das diversas unidades estratigráficas (Grupo, Formação, Membro, Camada e Escoada) é feita segundo procedimentos expressos no International Stratigraphic Guide (I.S.G.) da International Commission on Stratigraphy (UNESCO/IUGS – International Union of Geological Sciences). No caso da escolha da designação das unidades estratigráficas, é escolhido da carta topográfica sobre a qual estão a ser implantados os levantamentos geológicos, de preferência um topónimo do local onde essa unidade é caracterizada. Exemplo: «Formação Marão» (Ordovícico Inferior); «Formação Bateiras» (Câmbrico Inferior). Acontece que há quem defenda que deve ser «Formação de Marão», «Formação de Bateiras». A crítica de quem usa a preposição é que estamos a ser influenciados pela linguagem anglo-saxónica. Mas acontece que os espanhóis também não usam a preposição de (exemplos: Formación Culebra, Formación Manzanal del Barco, etc.). Os brasileiros também não usam. Quem tem razão? Pessoalmente, “soa mal” o uso do de nestes casos de nomenclatura geológica. Agradeço a vossa atenção.
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