Recomenda-se o uso de «Aquela pessoa foi forte e jamais se vergou», embora não seja erro empregar o verbo sem pronome reflexo («aquela pessoa foi forte e jamais vergou»).
O verbo vergar pode ocorrer como transitivo («ele vergou a mola»), intransitivo («ele vergou») e em adjacência pronominal («ele vergou-se») – cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). No caso em questão, em que o verbo é negado, vergar corresponde a uma mudança de estado, que pode ser física, mas também psicológica, visto ser interpretável metaforicamente, como sinónimo de sujeitar-se e esmorecer (cf. vergar no Dicionário Houaiss). Dado que o sujeito («aquela pessoa...») denota um ser humano, o verbo deve fazer-se acompanhar do pronome reflexo, à semelhança de outros verbos psicológicos como afligir-se, emocionar-se ou preocupar-se ou mesmo como verbos de mudança de estado físico como magoar-se, queimar-se e encharcar-se (excluem-se os verbos acabados em -ecer, como enlouquecer ou envelhecer, que não têm conjugação reflexa; cf. Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 1210). Observe-se, no entanto, que os registos dicionarísticos abonam como opcional a ocorrência de vergar com pronome reflexo, mesmo quando referido a pessoas, assim legitimando uso não pronominal: «indeciso, vergou(-se) aos argumentos dos adversários» (Dicionário Houaiss); «Vergou-se à vontade dos pais» (dicionário da ACL).