À semelhança de «um copo de água» e «um copo com água», a diferença consiste, essencialmente, segundo Rodrigo de Sá Nogueira (Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem, Livraria Clássica Editora, Lisboa,1974), na quantidade: ao afirmarmos que temos «um cesto de ovos», pretendemos afirmar que temos um cesto cheio de ovos; quando, por outro lado, afirmamos que temos «um cesto com ovos», supõe-se que o cesto tem alguns ovos. Assim, o complemento «de ovos», além de conteúdo, indica também repleção, e o complemento «com ovos» indica apenas conteúdo (Moreno, Augusto. O Português Popular [Para a Boa Prosódia, Grafia e Sintaxe da Língua], II Volume, edição da Livraria Educação Nacional, Lisboa, 1931)
No entanto devemos considerar que há autores prescritivistas que não aceitam a construção da expressão com a preposição com, nomeadamente Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas e Vittorio Bergo, em Erros e Dúvidas de Linguagem. Estes autores defendem que o correto será o emprego da preposição de – «cesto de ovos». Vitorrio Bergo justifica a sua posição ao comparar alguns exemplos:
«"Ele tomou duas garrafas de cerveja" – "Desperdiçou-se um frasco de essência" – "Fabricam por dia doze vidros de loção" – "comem semanalmente seis latas de marmelada" – Ninguém substituiria de pela preposição com em tais frases, nas quais está expressa a medida da substância. Pela mesma razão é que se diz: Tomei um copo de água. Tomar um copo com água seria desastroso...».
O mesmo se aplicaria, portanto, a «um cesto de ovos».