Alguns nomes de cidades que se formaram de substantivos comuns são precedidos de artigo: «a Guarda», «a Corunha» (equivalente do espanhol — La Coruña). Haia pode ter artigo ou não, porque se diz «Tribunal de Haia», embora alguns falantes empreguem «a Haia», talvez influenciados por Den Haag (neerlandês), The Hague (inglês), La Haye (francês), todas formas que se combinam com artigo (cf. Haia). Note-se que o artigo é usado com minúscula, não se considerando que seja parte do nome.
Com o nome Espanha pode dar-se o tratamento dos topónimos antecedidos de artigo ou não. Assim, pode ser «em Espanha», ou «na Espanha»; «ir a Espanha» ou «à Espanha»; «vir de Espanha» ou «da Espanha», acontecendo o mesmo com países como França, Inglaterra e Itália.
São antecedidos de artigo os topónimos provenientes de nomes comuns. Assim, quando o topónimo, que, com função de sujeito é antecedido pelo artigo definido masculino ou feminino, tem a função de complemento de lugar, usa-se a preposição contraída com esse artigo:
Lugar onde: (a + o) «ao Brasil»
Lugar aonde: (em + o) «no Brasil»
Lugar de onde: (de + o) «do Brasil»
Pelo contrário, se o topónimo não tem de ser antecedido de artigo para indicar o complemento circunstancial de lugar, usa-se apenas a respectiva preposição simples:
Lugar onde: «em Portugal»
Lugar aonde: «a Portugal»
Lugar de onde: «de Portugal»
Dada a regra geral, salienta-se que Faro está inserido nos manuais didácticos como não possuindo artigo, o que parece uma excepção à regra, visto que Faro se confunde com um nome comum (faro: «o olfacto do cão»). No entanto, a falta de artigo explica-se pelo facto de se tratar de um topónimo que deriva do árabe Harūn, nome de uma família que governou a cidade no período muçulmano (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa).
Outros topónimos que devem ocorrer com artigo cito, por exemplo, em Portugal: «o Porto», «a Figueira da Foz», «a Covilhã», «a Póvoa de Varzim»... Outros países: «o Japão», «a China», «a Argentina», «o Chile», «a Holanda», «a Grécia», «os Estados Unidos da América», «o Tibete», «a Irlanda», «a Alemanha», «a Bélgica», «a Suíça», «a Dinamarca», «a Austrália», entre outros, e alguns nomes de ilhas como «a Madeira», «os Açores», «a Sicília».
Bibliografia consultada: Guia Essencial da Língua Portuguesa para a Comunicação Social, de Edite Estrela e J. David Pinto-Correia.
Sempre ao dispor.