O conjuntivo é o modo que apresenta a eventualidade e a possibilidade.
O advérbio talvez introduz a dúvida e, por isso, deve ser seguido de conjuntivo. A seguir a talvez surge o verbo ser no conjuntivo, como prevê a regra. Em «Talvez seja o que permite o acordo», o verbo permitir é usado numa oração diferente daquela em que talvez ocorre («talvez seja»), a relativa independente «(o) que permite o acordo». Neste tipo de orações, bem como nas relativas adjectivas restritivas, pode-se empregar o indicativo ou o conjuntivo, conforme a oração tenha valor assertivo («votarei no candidato que sabe dialogar» = existe um candidato que sabe dialogar) ou modal («votarei no candidato que saiba dialogar» = é possível que exista um candidato que saiba dialogar).
(1) «Eles são amigos. Talvez seja o que permite o acordo.»
Em (1), a oração relativa tem valor assertivo, e o verbo encontra-se no indicativo.
(2) «Eles são amigos. Talvez seja o que permita o acordo.»
Nesta frase, o segundo conjuntivo marca o valor modal, podendo «o que permita» ser parafraseado como «é possível que exista alguma coisa que permite».
Nas outras frases não há orações relativas, e o advérbio talvez comporta-se com permitir como se comportava com ser, nos exempos anteirores:
(3) «Eles são amigos. Talvez isso permita o acordo.»
A utilização do conjuntivo em (3) está de acordo com as restrições de talvez quando precede um verbo, o que por conseguinte torna a frase aceitável.
(4) «Eles são amigos. Talvez isso permite o acordo.»
Esta é a única frase em que o verbo permitir no indicativo contraria a ideia de dúvida introduzida por talvez. O exemplo (4) é, portanto, agramatical.