Só na linguagem literária ou mais arcaizante, o mais-que-perfeito do indicativo substitui o condicional simples ou composto (futuro do pretérito no Brasil) e o imperfeito do conjuntivo (ver Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 456):
1. Valor de condicional (futuro do pretérito)
(i) «Um pouco mais de sol e fora brasa,
Um pouco mais de azul e fora além»
Mário de Sá-Carneiro
Nos versos em (i) a forma fora tem o mesmo valor que teria sido.
2. Valor de pretérito imperfeito do conjuntivo
(ii) Quem me dera!
(iii) Prouvera a Deus que eu não soubesse tanto!
Fernando Pessoa
Em (i), temos uma expressão corrente que mantém o antigo uso do mais-que-perfeito do indicativo pelo imperfeito do conjuntivo/subjuntivo; por isso, dera é equivalente a desse. Em (iii), o mesmo acontece com o verbo prazer: prouvera, mais-que-perfeito do indicativo surge em lugar do imperfeito do conjuntivo, prouvesse.