Transcrevo um passo de Napoleão Mendes de Almeida na sua Gramática Metódica da Língua Portuguesa, a partir dum trabalho meu intitulado Introdução ao estudo da semântica, que este filólogo brasileiro e meu grande amigo, infelizmente já falecido, resume amavelmente: «A sinédoque (gr. synedochê = compreensão) consiste no emprego de uma palavra em lugar de outra na qual está compreendida, com a qual tem íntima conexão: pão, por alimento; vela, por navio; ferro, por espada ou âncora; lar (ou fogão), por casa.» Aqui tem, portanto, a resposta. E logo a seguir, Napoleão Mendes de Almeida continua a resumir-me (p. 328 da 11.ª edição): «A metonímia é simples variante da sinédoque; são denominações essas de distinção tão subtil que autores há que dão como exemplo de metonímia aquilo mesmo que outros subordinam à sinédoque, e tratadistas há que mal mencionam essas denominações de tropos semânticos. [...] Se na sinédoque se emprega o nome de uma coisa em lugar do nome de outra nela compreendida, na metonímia a palavra é empregada em lugar de outra que a sugere, ou seja, em vez de uma palavra emprega-se outra com a qual tenha qualquer relação por dependência de ideia: damasco = tecido de seda com flores ou espécie de abrunho, ambas provenientes de Damasco [...]; louro, por glória, prémio; cãs, por velhice; Fulano é um bom garfo [...].» E chega de citações minhas por interposta pessoa!