O uso de bacanal no género masculino («o bacanal») parece tardio e próprio do registo informal.
É verdade que nos dicionários mais recentes, em linha e elaborados ou mantidos em Portugal, o substantivo bacanal não tem classificações convergentes quanto ao género gramatical. Mas o confronto do registo na Infopédia e do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) com registos mais antigos –- por exemplo, o Vocabulário Ortográfico de 1940, da ACL, e o Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves – permite pensar que bacanal no género feminino é anterior ao seu uso no género masculino. Poderá, assim, supor-se que, por ser mais antigo, o uso no feminino é mais correto que o uso no masculino.
Contudo, afigurar-se-á muito estranha – pelo menos, do ponto de vista da intuição que se possa ter da língua no uso contemporâneo – uma frase como «fui ontem a uma festa que descambou numa bacanal», porque «a bacanal» parece convocar uma linguagem latinizante e assim evocar os tempos da antiga Roma. Como não é disso que se trata, espera-se que, nos dias de hoje, a tal festa tenha acabado por se tornar «uma festa licenciosa», sem ritos pagãos dedicados a um deus greco-romano (cf. Infopédia).
Propõe-se aqui, portanto, que «o/um bacanal», no masculino, seja uso aceitável, denotando uma festa em que a prática de sexo é meramente profana. Mas, quando se refere a festa da Antiguidade, diz-se e escreve-se «a bacanal»/«as bacanais», com atribuição do género feminino.