Por referente, entende-se a entidade extralinguística que é identificada por um nome comum especificado por um artigo definido ou um demonstrativo («a maçã», «esta/essa/aquela maçã»), por um pronome pessoal (eu, tu, ele/ela, etc.) ou por um nome próprio (Raquel, João, Maria, etc.). Por exemplo, num contexto concreto, vejo uma maçã e, num enunciado, digo «esta maçã». Quando digo «eu falo», refiro-me a mim próprio como enunciador. Quando digo «o João canta», refiro-me a uma pessoa que conheço e se chama João. Os referentes tendem, portanto, a variar em função das pessoas que falam e dos contextos em que falam.
Referência pode ser sinónimo de referente, mas também designa a propriedade de as expressões linguísticas identificarem coisas, animais e pessoas do mundo extralinguístico. O facto de alguém, em dado momento, identificar uma maçã como «esta maçã» constitui um fenómeno de referência.
A denotação de uma palavra ou expressão é o seu significado literal e estável (cf. Dicionário Terminológico*). Por exemplo, maçã significa «fruto da macieira, de forma geralmente esférica», ou seja, trata-se da definição da palavra como um conjunto de propriedades abstratas. Por denotação, também se entende a classe de entidades do mundo a que corresponde essa definição da palavra; assim, a denotação de maçã é também o conjunto de todas as entidades que podem ser designadas por este vocábulo. A denotação «não varia de enunciado para enunciado, em função do contexto situacional ou discursivo, do falante ou do lugar ou do tempo em que se produz o enunciado» (Gramática do Português da Fundação Gulbenkian, 2013, págs. 709).
* Como se observa na Gramática do Português da Fundação Gulbenkian (2013, pág. 709), «[é] precisamente a estabilidade denotativa das palavras que assegura que a linguagem funcione como um sistema coeso numa dada comunidade linguística».