A catáfora é um processo linguístico no qual, na linearidade textual, uma expressão remete para uma expressão que surge depois e que constitui a expressão referencial.
Assim, na frase (1), os pronomes ele e a são catafóricos, uma vez que apontam respetivamente para «o João» e «a Maria», grupos nominais que os seguem.
(1) «Ele encontrou-a. A Maria era o que faltava ao João.»
No caso em apreço, a oração «tudo o que Fernando Pessoa não pode ser» predica sobre «ele», mas não encontra a sua referência neste pronome, que, por sua vez, tem como referência Caeiro. A oração em causa aponta para o grupo de palavras que se encontra após os dois pontos (que anunciam exatamente a enumeração do «tudo»). Assim, do ponto de vista semântico, afirma-se que Caeiro é uno, argonauta das sensações e o sol do universo pessoano, ou seja, todas estas realidades que Fernando Pessoa não tem possibilidade de ser.
Disponha sempre!