O consulente percebeu bem.
Por razões de clareza, pode haver um objeto direto preposicionado* iniciado pela preposição a numa construção comparativa. Exemplo:
«Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher feita.» (Ciro dos Anjos)
Se não houvesse a preposição, o sentido seria outro: «Olho Gabriela como uma criança (olha)...», em que uma criança passaria a ser o sujeito do verbo implícito, e não o objeto direto. Com a preposição, a leitura é esta: «Olho Gabriela como olho uma criança...»
Assim, aplica-se o mesmo em «... mede o litoral como à criança no batente da porta», o que justifica a crase, pois a preposição a (usada estilisticamente para favorecer a clareza) que introduz o objeto direto preposicionado se contrai com o artigo definido a (a + a criança = «à criança»).
Fica a seguinte sugestão de consulta para mais detalhes: Gramática Normativa da Língua Portuguesa, de Carlos Henrique da Rocha Lima (2011: 303-305); está na parte de objeto direto preposicional. Boa leitura.
Sempre às ordens!
*Visto ser brasileiro o consulente, usou-se na resposta a nomenclatura e a referência gramaticográfica brasileira.