Ao verbo lembrar é dedicado um verbete relativamente extenso no Dicionário Prático de Regência Verbal de Celso Pedro Luft, São Paulo, Editora Ática, 2002. Aí, o verbo é apresentado como transitivo, como ocorre na frase 1 e 4; transitivo directo e preposicionado como em 3 e 6; transitivo directo e indirecto como nas frases 2 e 5. Podermos concluir que as frases 1 a 6 são correctas, embora, pessoalmente, sinta alguma estranheza na construção de todas elas, dado o sentido passivo que veiculam. Efectivamente, o verbo lembrar, em princípio, tem características lexicais que pressupõem um sujeito com traço mais humano, muitas vezes pronominalizado (lembrar-se).
Quanto ao segundo bloco que apresenta, eu evitaria a construção da frase 7 «Esta canção lembra-te», pois, pelo facto de o pronome te ter a mesma forma como objecto (ou complemento) directo (OD) e como indirecto (OI), poderá haver a tendência para considerar a frase incompleta, interpretando te como indirecto, como em «Esta canção lembra-te [de que deves vir cedo].» Por essa razão, se tivesse de escolher uma delas, escolheria a frase 9 «Esta canção lembra-me de ti», equivalente à 6.
A frase 8 apresenta os pronomes numa ordem (OI-OD) não habitual quando ambos os complementos são representados por clíticos, ou seja, se ligam ao verbo através de hífen, a menos que entre eles se verifique uma contracção dos pronomes como acontece na segunda alternativa que coloca na frase 5: «Esta canção lembra-me você/lembra-ma.» Repare que, nesta mesma frase, a ordem é OI-OD, mas o pronome você não é clítico.
Por outro lado, não são muito comuns, no português, as frases em que ocorram o objecto directo e o indirecto, sendo o OD uma segunda pessoa, como acontece em 8.