A consulta de Celso Pedro Luft, no Dicionário Prático de Regência Verbal (São Paulo, Editora Ática, 2003), e a de Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984), dão algumas pistas para a definição pedida pela consulente. Assim, considera-se que o termo regência se pode empregar de duas maneiras:
— Em sentido amplo, fala-se em regência quando uma palavra depende de outra numa frase (também se pode falar de regência entre as orações de uma frase). Por exemplo, nas expressões «chuva grossa» e «trabalha muito», diz-se que o nome chuva rege o adjetivo grossa, isto é, este depende daquele. O mesmo se aplica a trabalha muito, em que a forma verbal trabalha rege muito.
— Em sentido restrito, que é a situação mais frequente, regência é a relação de dependência entre uma palavra e os complementos que a sua significação prevê. Assim, para completar o significado, o adjetivo isento é normalmente usado com um complemento introduzido por preposição: em «isento de imposto», a expressão «de imposto», formada pela preposição de e pelo nome imposto, é regida por «isento», constituindo um caso de regência adjetival. No caso dos verbos, vemos que estes podem necessitar ou não de um complemento; e se for necessário um complemento, este pode ligar-se directa («o motorista consertou o carro») ou indirectamente ao verbo, através de uma preposição («o motorista passou por Lisboa). À relação de um verbo com os seus complementos (com ou sem preposição) chamamos regência verbal.
Observe-se que, além destes dois tipos de regência, existe também regência nominal («o presidente dos EUA»; «uma prece por João Paulo II»). E note-se que é corrente identificar simplesmente o termo regência com os complementos introduzidos por preposição e regidos por verbos [o que não é muito rigoroso, dado haver casos de regência directa], nomes e adjectivos («gostar de música», «um apelo a muita gente», «desejoso desair).