Em inglês, a grafia recomendada é T-shirt, e não t-shirt, conforme registo do Oxford English Dicitionary, do Cambridge English Dictionary e do Merriam-Webster Dictionary, dicionários que também acolhem a forma equivalente tee-shirt. O Online Etymology Dictionary regista a palavra também com T maiúsculo e chega mesmo a observar que é incorreta a grafia com t minúsculo, por a peça de roupa, quando esticada, ter a forma de um T, e não a de um t (em inglês: «[...] in reference to the shape it makes when laid out flat (t-shirt is thus incorrect)»).
Dado tratar-se de um anglicismo, deve escrever-se em itálico, tendo portanto todo o sentido manter-se o T maiúsculo da ortografia inglesa, uma vez que esta forma cumpre a função icónica de aludir à configuração da peça de roupa em questão (ao contrário do t maiúsculo, que apenas representa a letra). E, nessa medida, não se aplica a regra seguida com os epónimos1.
Importa entretanto referir que o registo dicionarístico em Portugal e no Brasil não é uniforme. Por exemplo, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, atestam em letra minúscula, enquanto o vocabulário ortográfico da Porto Editora consigna ambas as formas, T-shirt e t-shirt. Já o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa abona apenas a primeira forma, T-shirt, e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras regista tee-shirt, com o nome da letra por extenso em inglês.
Na imprensa portuguesa, usa-se abundantemente o anglicismo, dominando a forma com inicial minúscula (cf. aqui, aqui, aqui e aqui). No Brasil, a generalidade dos jornais brasileiros opta pelo vernáculo camiseta e pouco emprega o anglicismo, a não ser em algumas páginas que apresentam várias ocorrências de t-shirt, entre usos esporádicos de T-shirt (cf. O Globo, Correio da Bahia, Diário de Pernambuco).
1 Sobre os epónimos, segue-se um comentário de Carlos Rocha: «Epónimos são substantivos com origem nos nomes próprios de pessoas, os quais, na atualidade, se encontram muitas vezes transpostos como nomes de marcas. Por exemplo: Por exemplo: braile (de Louis Braille), diesel (de Rudolf Diesel), gilete (de King Camp Gilette), mansarda (de François Mansard ou Mansart), morse (de Samuel Morse), quispo (ou kispo) (da marca Kispo), sanduíche (de John Montagu, conde de Sandwich), xerox (empresa Xerox Corporation), etc. etca. Não é o caso de T-shirt, por não se tratar de um nome «de coisa com origem num antropónimo» (Singer → singer; ou Silhouette → silhueta; ou Sandwich → sanduíche) ou de qualquer «outra coisa» (cf. epônimo no Dicionário Houaiss). É verdade que a definição do que possa ser «outra coisa» não é clara, mas presume-se que casos como panamá, tangerina ou damasco possam ser incluídos entre os epónimos, porque remetem para nomes geográficos (respetivamente, Panamá, Tânger e Damasco). Poderia pensar-se que o caso de T-shirt, literalmente «camisa/camiseta de/em T», é também o de um epónimo, uma vez que alude a uma "coisa" – a letra t; contudo, a palavra, que em inglês já é um composto, configura uma génese de tipo metafórico, pois trata-se de uma camisa em T ou como um T. Outros exemplos mais conhecidos de epónimos: aqui e aqui.»