Nestes casos, a preferência dos falantes parece apontar para um padrão de colocação proclítica do pronome átono, ou seja, o pronome é colocado antes da forma verbal.
Como é sabido, as orações temporais introduzidas por «antes de» e «depois de» constroem-se com infinitivo. Não obstante, nestes casos, teremos de considerar a possibilidade de estas estruturas poderem introduzir tanto orações de infinitivo flexionado como de infinitivo não flexionado. O infinitivo será obrigatoriamente flexionado se o sujeito da oração temporal for diferente do sujeito da oração subordinante.
No casos em que se usa o infinitivo flexionado, e de acordo com Ana Martins, «observam-se três padrões de colocação de pronomes átonos, dependendo da preposição introdutora: (i) a colocação é enclítica quando a oração infinitiva é introduzida pela preposição a […] e com; (ii) a preposição em possibilita a variação entre próclise e ênclise; (iii) a colocação é proclítica quando a oração é introduzida por qualquer outra preposição.»1 Assim sendo, nas orações de infinitivo flexionado associadas a preposições como de, para, após, até, em ou sem, o pronome clítico é colocado em próclise, como se observa em (1) onde a oração subordinada tem um sujeito diferente («a Maria e o João») do da oração subordinante («os pais deles»):
(1) «Antes de a Maria e o João se casarem, os pais deles ofereceram-lhes um presente.»
Nos casos em que o sujeito das duas orações é correferente, ou seja, é o mesmo, e este sujeito não é expresso lexicalmente na oração subordinada, alguns falantes admitem o uso do infinitivo não flexionado. Mas, como refere Lobo, os falantes preferem normalmente o infinitivo flexionado com sujeito pronominal nulo (não realizado)2. Deste modo, sendo possível a opção pelo infinitivo não flexionado, existe uma maior flutuação de usos, sendo aceitável que o pronome átono apareça tanto em posição enclítica como em posição proclítica. No entanto, a preferência dos falantes parece orientar-se para a adoção do infinitivo flexionado e, logo, para a colocação proclítica.
Nas frases apresentadas pelo consulente, o sujeito das duas orações é correferente, mas adota-se o infinitivo flexionado pelo que o pronome clítico deve surgir em posição proclítica:
(2) «Antes de se casarem, visitaram Vigo.»
(3) «Depois de se casarem, foram a Roma.»
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1. Martins in Raposo et al. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2285-2286.
2. Lobo in idem, ibid., pp. 1995-1997.