O verbo manter-se pode ter usos copulativos, como acontece em (1)
(1) «A Rita mantém-se calada.»
A natureza de verbo copulativo fica patente, por um lado, no facto de manter-se não selecionar semanticamente o sujeito, aceitando os traços [±humano], [±animado] e [±concreto]1. Isto significa que manter-se não seleciona sujeito, sendo, portanto, compatível com diferentes tipos de sujeito, tal como acontece aos verbos copulativos:
(2) «O gato mantém-se atento.»
(3) «O debate mantém-se aceso.»
(4) «A verdade mantém-se escondida.»
Outra propriedade dos verbos copulativos está, por outro lado, relacionada com a possibilidade de terem como predicativo do sujeito um constituinte formado apenas por adjetivo, o que relativamente ao verbo manter-se fica patente nas frases (1) a (4).
Nestes usos, o verbo manter-se tem semelhanças com o verbo continuar na medida em que expressa a continuidade temporal da propriedade associada ao sujeito2.
A questão colocada pela consulente avança um pouco mais na problemática, uma vez que coloca o problema do verbo manter-se conjugado com predicação locativa. Atentemos, pois, na frase apresentada, aqui transcrita em (5):
(5) «Ele mantém-se no hospital.»
O uso de verbos copulativos com sintagmas preposicionais de valor locativo está previsto no Dicionário Terminológico, pelo que a análise a adotar nestes casos, em contextos não universitário, será a de que «no hospital» é um constituinte com a função de predicativo do sujeito3.
Disponha sempre!
1. Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1301.
2. Idem, Ibid., p. 1312.
3. A classificação dos verbos copulativos como locativos não é, todavia, uma área consensual, como se pode observar pela discussão patente em Idem, Ibidem, 1331-1332.