Este é um dos problemas que estão a trazer mais dúvidas à aplicação do novo AO (Acordo Ortográfico de 1990) e que analiso com pormenor na 5.ª edição do Prontuário da Texto.
Vejamos primeiro como se escrevia na norma anterior.
Em Portugal seguia-se Rebelo Gonçalves, de acordo com o seu Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, que prescreve: Usa-se hífen «Nos compostos em que entram morfologicamente individualizados, e formando uma aderência de sentidos, um ou mais elementos de natureza adjectiva terminados em o e uma forma adjectiva.»
No Brasil seguia-se o mesmo critério, segundo o que se depreende da Moderna Gramática Portuguesa do gramático brasileiro Evanildo Bechara.
Assim, tínhamos infanto-juvenil, como escrita correcta para Portugal e para o Brasil antes do novo AO.
Ora, que alteração veio o novo AO fazer? Prescreve, Base XVI, 1.º, que com prefixos, falsos prefixos e elementos não autónomos se emprega o hífen só em casos restritos (segundo elemento com -h inicial, -m ou -n (casos de pan-, circum-); primeiro elemento: inter-, hiper-, super-, ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-, pós-, pré-, pró-). No caso de infanto, lembremos que existe autonomamente a palavra infanta, mas que o seu masculino é infante. Infanto é o antepositivo infant- com a vogal de ligação o, portanto, elemento não autónomo.
Concluindo, segundo o novo AO, e de acordo com a regra, deve escrever-se infantojuvenil. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, publicado em 2009, tem esta palavra bem grafada segundo o novo AO. O mesmo se encontra registado no Vocabulário Ortográfico do Português: infantojuvenil.