O adjetivo incompaginável tem como significado «que não se pode ligar intimamente, encadear, unir ou enlaçar». É uma palavra derivada por prefixação, ou seja, ao adjetivo compaginável, «que se pode ligar, encadear, unir ou enlaçar», agregamos o prefixo de negação in-.
Por sua vez, compaginável deriva por sufixação do tema (compagina-) do verbo compaginar, «meter em página» e, por sentido figurado, «ligar intimamente» ou «conciliar»; o sufixo -vel confere o sentido de possibilidade de praticar ou sofrer uma ação.
Apesar de não estar registado nos dicionários consultados, incompaginável, à semelhança de muitas outras palavras prefixadas com in-, parece ter existência latente, ficando acessível a qualquer falante. Mesmo assim, pode considerar-se um neologismo, mas apenas na medida em que o seu uso se tem tornado mais notório em tempos mais recentes.
Com efeito, uma consulta do Corpus do Português, Mark Davies, mostra que este vocábulo está ausente da secção de textos mais antigos, mas conta com uma ocorrência na coleção de textos mais recentes:
(1) «Este valor é incompaginável com os comportamentos e as condições de vida ostentados por uma camada restrita da população. (jornal Expansão - Sapo)
Uma consulta Google sugere também que incompaginável figura de forma mais assídua em textos mais recentes, das duas últimas décadas:
(2) «Mas existem também os que beneficiam de uma capa de qualidade, incompaginável com a ineficácia do miolo [...].» (Mário Cláudio, "Elogio do livro realmente mau", Expresso, 6/03/2009)
(3) «[...] exprime absurdez vitanda absolutamente incompaginável com uma série de princípios constitucionais [...].» (José Daniel Cavalcante Silva, Compliance como boa prática de gestão no ensino superior)