Numa perspetiva de uso formal da língua, o adjetivo grande não aceita integrar construções com o grau comparativo de inferioridade.
O grau comparativo envolve a comparação do grau de uma dada propriedade entre duas entidades. Assim, na frase (1), a propriedade expressa pelo adjetivo rápido é comparada entre as entidades carro e bicicleta, atribuindo-se um grau maior a carro:
(1) «O carro é mais rápido que a bicicleta.»
Para que um adjetivo possa entrar numa estrutura comparativa desta natureza, terá de ser graduável. Por exemplo, um adjetivo como policial não é graduável, pelo que não integrará frases com uma estrutura comparativa:
(2) «*Este livro é mais policial do que aquele.»
O adjetivo grande significa «que tem dimensões maiores do que o habitual», «cuja extensão é maior do que a média» ou «que é maior do que aquilo que devia ser»1.
Ora, atendendo a esta significação, não será possível inserir o adjetivo grande numa frase que aponte para uma comparação de inferioridade porque esse processo entra em conflito com a própria significação do adjetivo que aponta para uma dimensão maior do que o normal2. Por esta razão, podemos usar o adjetivo grande apenas em construções de grau comparativo normal ou de grau comparativo de superioridade. Repare-se que, neste último caso, grande assume normalmente a forma maior, embora a construção «mais grande que» seja aceitável nalguns casos (como se explica nesta resposta).
Disponha sempre!
*Indica a inaceitabilidade da frase.
1. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha]
2. Para mais informação sobre a graduabilidade dos adjetivos, cf. Veloso e Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1415-1433.