Embora nos possa parecer estranho, a realidade é que existem as duas formas de comparativo de superioridade do adjetivo grande — a irregular/especial, maior; e a regular/analítica, «mais grande» —, mas o uso da regular («mais grande») está restrito a uma situação específica, razão pela qual pode ser considerado um caso de exceção.
Assim, somente «quando se confrontam duas qualidades ou atributos do mesmo ser/objeto» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 262) é que é possível o emprego das formas analíticas de comparativo de superioridade de grande [assim como do dos outros adjetivos de forma especial: «muito mau»/pior; «muito bom»/melhor; «muito pequeno»/menor].
Repare-se que o uso das formas regulares, neste caso específico de exceção, torna a frase mais explícita, pois o emprego das formas irregulares dificultaria a sua compreensão, provocando estranheza em quem as lesse/ouvisse. Exemplos:
«Esta casa é mais grande do que bonita.» (*«Esta casa é maior do que bonita.»)
«O cão é mais grande do que perigoso.» (*«O cão é maior do que perigoso.»)
«Aquela tese está mais grande do que boa.» (*«Aquela tese está maior do que boa.»)
«Ele foi mais mau do que desgraçado.» (*«Ele foi pior do que desgraçado.»)
«Ele é mais bom do que inteligente.» (*«Ele foi melhor do que inteligente.»)
Portanto, em todas as outras situações, ou seja, «quando se comparam qualidades de dois seres ou objetos, não se deve dizer "mais bom", "mais mau" nem "mais grande", mas, sim, as formas especiais melhor, pior e maior» ( <iidem< i=""> idem). Exemplos:
«Esta casa é maior do que a da minha irmã.»
«O cão é maior do que o meu Bobi.»
«Aquela tese é maior do que a que eu li.»
«Ele foi pior do que o colega.»
«Ele é melhor do que qualquer um de nós.»
Cf.: «Mais grande» é erro?