Convém começar por lembrar que Brasil se escreve Brazil em inglês e Brésil em francês, o que não pondo rotundamente em causa as considerações do consulente acaba por as contrariar um pouco.1 Em segundo lugar, a existência de nomes em língua estrangeira (exónimos) que são diferentes dos atribuídos em português, em países onde se usa esta língua, é uma questão de história da língua. Por outras palavras, não há uma regra, pois muito depende da história dos contactos internacionais.
No caso de Lisboa, importa assinalar que, fora de Portugal (e da Galiza), a cidade era conhecida como Lisbona noutros reinos ibéricos, por exemplo, na vizinha Castela (cf. textos dos séculos XIV-XVI na secção histórica do Corpus del Español, de Mark Davies). Só mais tarde é que em espanhol se adotou a forma portuguesa Lisboa. Contudo, noutras línguas europeias, manteve-se o -n- intervocálico: Lisbona, em italiano, e Lisbonne em francês. Em inglês, formou-se Lisbon; e provavelmente de uma forma latina tardia – Olisipona – formou-se o alemão Lissabon, transmitido a outras línguas da Europa Central e Oriental (curiosamente, em polaco é Lizbona, sem o a intermédio).