Segundo o "Tratado de Ortografia" de Rebelo Gonçalves; os dicionários Morais, Aurélio, Etimológico (de José Pedro Machado) e "Lello Universal"; e, entre vários prontuários, o de D'Silvas Filho, assim como o de Magnus Bergstrom e Neves Reis, em assuntos respeitantes à capital portuguesa, quando se não quiser utilizar lisbonense, pode-se empregar olisiponense (latim "olisiponense-"), de Olísipo, Olisipo ou Olisippo – cidade da Lusitânia –, hoje Lisboa.
Alexandre Herculano usa olisiponense na "História de Portugal".
No prontuário de Magnus Bergstrom e Neves Reis (Editorial Notícias), além de se rejeitar o emprego dos dois ss neste vocábulo, considera-se errada a forma "ulissiponense", admitida pelo dicionário da Porto Editora (7.ª ed.) com o étimo latino "Ulyssipona-". Esta obra também inclui o termo que se considera mais aconselhável (olisiponense), não preferindo, contudo, um ao outro.
O problema não parece residir na boa formação da palavra a partir do étimo "Ulyssipona-", mas na credibilidade deste.
Recordo que, segundo a lenda, Ulisses, ao passar pelo litoral atlântico da Península Ibérica, teria fundado a cidade depois chamada "Olisipo". Mas os latinos, antes desta forma, podê-la-iam ter designado por "Ulyssipona". Quando se trata de lendas, todavia...
Lembro também que Ulisses, em grego, era "Odysseus": daí, a belíssima "Odisseia" do poeta antigo Homero. E, em latim, "Ulysses": daí, os poemas "Ulisseia ou Lisboa Edificada", de Gabriel Pereira de Castro (1636), e "Ulissipo", de António de Sousa de Macedo (1640).
O termo olisiponense emprega-se geralmente na escrita, tal como lisbonense. Para designar os habitantes de Lisboa, o mais comum é lisboeta, também estando dicionarizados lisboês e lisbonês (ambos em desuso). A alcunha alfacinha é menos empregada hoje do que no passado.