Aceita-se sem restrições empático. Já empatizar, apesar da sua aceitação por dicionários muito recentes, pode deixar reticentes os mais puristas ou os mais ciosos da propriedade vocabular. Mesmo assim, não se perfila razão clara para considerar erróneo o seu uso.
Assim, nota-se que ambas as palavras têm visto aumentar o seu uso nas últimas duas décadas, muitas vezes em concorrência com simpatizar e simpático, cuja sintaxe reproduzem. O adjetivo empático encontra-se registado, pelo menos, desde 2001, na 1.ª edição do Dicionário Houaiss, o qual, no entanto, não regista empatizar. No entanto, este verbo, no sentido de «sentir empatia» e «identificar-se com», só figura com esta aceção na lexicografia portuguesa mais recente – nos dicionários da Porto Editora e da Priberam; ver também o brasileiro Aulete Eletrónico). Observe-se, mesmo assim, que no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (1989) de José Pedro Machado, se regista já empatizar não na aceção que é hoje comum, mas, sim, numa aceção causal – «causar empatia» – que se afigura estranha quase três decadas passadas.
Não havendo doutrina normativa sobre este caso, nem a morfologia empatizar indiciar má formação, torna-se difícil emitir um juízo prescritivo condenatório. Contudo, do ponto de vista da semântica surgem problemas, gerando-se algumas reticências entre os mais exigentes, porque se trata de um verbo que parece ocupar sem vantagem expressiva as áreas semânticas de simpatizar (com) e identificar-se (com). Mesmo assim, não é necessário que ao sufixo -izar se dê um sentido causativo, como faz J. P. Machado, porque, noutros casos, este sufixo pode ter significado frequentativo, como se observa no Dicionário Houaiss (1.ª edição, 2001): «terminação de verbo da 1.ª conjugação, com caráter freqüentativo (agonizar, arborizar, fiscalizar etc.) ou causativo (civilizar, humanizar, realizar, suavizar etc.) [...]» Tendo em conta a interpretação frequentativa de -izar e se agonizar é «sentir agonia», e simpatizar é «sentir simpatia», então «empatizar» corresponde a «sentir empatia», sem que se possa afirmar que este verbo é ilógico ou semanticamente irrelevante.
Em suma, empático constitui uma palavra correta, e não se vê razão profunda ou decisiva para rejeitar empatizar.