O adjetivo correto tem origem num particípio passado irregular do verbo corrigir – à semelhança de seco (secar), sujo (sujar), inquieto (inquietar) –, mas hoje só tem uso adjetival (donde derivam os usos nominal e adverbial). O particípio passado de corrigir é, portanto, corrigido, tanto nos tempos compostos («tinha corrigido»), como na voz passiva («foi corrigido»).
Note-se também que, nos quadros de conjugação de corrigir que os dicionários em linha atualizados disponibilizam, a forma participial é geralmente corrigido (cf. Infopédia e Priberam; ver também o Portal da Língua). É verdade que o dicionário de Caldas Aulete apresenta correto como particípio irregular, mas a forma funcional de particípio passado hoje registada nos outros dicionários corresponde somente a corrigido.
A Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, p. 1492), refere-se, aliás, ao estatuto adjetival de correto, a par de seco, correto, sujo, inquieto, casos típicos de recategorização de (antigos) particípios passados como adjetivos:
«Para a maioria dos falantes – admitindo embora que possa haver alguma variação de uso –, estas formas curtas [seco, correto, sujo, inquieto] têm unicamente propriedades adjetivais, visto que não podem ser usadas em contextos onde predomina a natureza verbal do particípio – ou seja, nos tempos compostos e nas orações passivas. Podemos, portanto, supor que estão em vias de se recategorizarem como adjetivos, tendo algumas delas atingido mesmo o limite final dessa recategorização, como correto, cujo sentido já não é o mesmo de corrigido, nas orações copulativas [frases construídas com o verbo ser, estar, ficar], como particípio adjetival (cf. «os exercícios ficaram/estão corrigidos»).
Em nota, a mesma fonte acrescenta (ibidem, nota 175): «Daí também o facto de podermos dizer, sem tautologia, «depois de corrigidos, os exercícios ficaram corretos».