Uma locução conjuntiva é um grupo de vocábulos, um todo semântico com valor de conjunção. Exemplos: «no entanto», «não obstante», «por isso», «por conseguinte», «visto que», «ainda que», «contanto que», «depois que», «à medida que», «para que», etc.
Segundo as gramáticas brasileiras*, «tanto... quanto» ou «tanto... como», quando conectam orações («Tanto estudo quanto/como trabalho») ou termos («Tanto Maria quanto/como João estudam português»), são conjunções correlativas aditivas, e não locuções conjuntivas.
Só é preciso perceber que, em outras situações, o quanto ou o como podem ser conjunções comparativas, estabelecendo uma ideia de igualdade. Portanto, não confunda a construção «tanto... quanto/como» aditiva com «tanto... quanto/como» comparativa – note que a mera mudança de posição dos vocábulos pode alterar a relação semântica e a consequente classificação das palavras:
– Ela tanto ri quanto chora. (adição)
Ou seja, ela ri e chora. Neste caso, «tanto... quanto» são conjunções correlativas; isto é, aparecem juntas nessa construção para, de forma mais enfática, realçar a ideia de adição – afinal «Ela ri e chora» não tem o mesmo realce que «Ela tanto ri quanto chora».
– Ela chora tanto quanto ri. (comparação por igualdade)
Ou seja, ela experimenta tristeza e alegria em igual medida. Nesse caso, por ser uma estrutura de comparativo de igualdade, o tanto é um advérbio de intensidade, porque modifica o sentido de chorar, e o quanto, por conectar as orações «Ela chora tanto» e «ri», é uma conjunção comparativa. O mesmo se dá na frase trazida pela consulente: «Olha, eu estou assistindo tanto quanto você», em que o verbo (ou locução verbal) da oração comparativa está implícito: «Olha, eu estou assistindo tanto quanto você (está assistindo)».
É importante dizer que os vocábulos tanto e quanto, quando se relacionam sintaticamente com substantivos, classificam-se como pronomes indefinidos: «Tanto estudo assim fará você melhorar de vida»; «Quanta comida há aqui hoje, hein!».
Por fim, na seguinte frase trazida pela consulente: «Pegou tantos docinhos quantos pôde», em que tantos é um pronome indefinido por estar ligado ao substantivo docinhos, há uma análise diferente para o quantos, pois o vocábulo quanto (além de conjunção aditiva, conjunção comparativa, pronome indefinido) também pode ser um pronome relativo.
Segundo os gramáticos que ampliam o assunto, isso ocorre quando, antes do relativo quanto, aparecem os pronomes indefinidos tudo, todo, tanto, os quais são anaforicamente retomados pelo quanto (e suas variações). Exemplos:
– Tudo quanto falamos hoje fica entre nós.
– Todas as mulheres quantas encontramos aqui foram simpáticas.
– Pegou tantos docinhos quantos pôde.
Em suma: o contexto frasal e as relações entre os termos é que vão definir a classificação morfológica das palavras tanto e quanto/como.
Sempre às ordens!
* Por ser brasileira a consulente, a análise das palavras em tela se baseou na nomenclatura e na tradição gramatical do Brasil.