Em Portugal, existem as duas pronúncias da palavra, razão por que se registam e aceitam as duas grafias – cetro e ceptro.
A oscilação não é recente, pois a representação de pronúncia que figura no Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves (RB), é a de um [p] que pode não ser proferido. Noutra fonte, o Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947), também de RB, inclui ceptro (p. 87) na lista correspondente a palavras em que c e p antes de consoante podem não ser articulados.
A pronúncia facultativa da consoante bilabial surda [p] não será devida à diferença entre o português europeu (PE) e o português do Brasil (PB). A 1.ª edição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, de 2001, exibe cetro, conforme o que esperaria da tendência do PB para a supressão de tal som antes de outra consoante (nem sempre, pois em PB escreve-se recepção, com p grafado, porque realizado foneticamente). Contudo, no contexto do PE, também se encontra cetro no vocabulário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) de 1940 e no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (1989) de José Pedro Machado.
No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, que a ACL publicou em 2001 – portanto, antes da entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 –, escreve-se ceptro, mas a transcrição fonética não apresenta essa consoante bilabial surda: [ˈsɛtɾu].
A explicação para toda esta hesitação parece ser a que o consulente propõe: é palavra do registo culto (ainda que não especialmente erudita) e, portanto, é menos ou raramente ativada.
Atualmente, no Vocabulário Ortográfico Comum (Instituto Internacional da Língua Portuguesa) registam-se as duas grafias a dar conta da variação de pronúncia no conjunto dos países de língua portuguesa, mas no vocabulário de Portugal só se apresenta cetro.
Concluindo, parece plausível que, em Portugal, houve e ainda há certa preferência pela pronúncia sem [p], pelo menos, entre lexicógrafos. Contudo, noutros meios, articula-se um [p], pelo que se torna razoável legitimar a grafia ceptro também em PE.