Não é certo que «pôr no claro» constitua uma expressão estável e fixa, que já tenha registo dicionarístico, com o sentido indicado na pergunta*.
Não podendo dizer-se que se trata de uso incorreto, existem, em alternativa, construções com o advérbio claramente e com o adjetivo claro, que são menos suscetíveis de causar estranheza ou motivar censura, como é o caso de «mostrar claramente» e «deixar claro», expressões geralmente seguidas de uma oração («mostrar claramente/deixar claro que...»).
Contam-se ainda as locuções «às claras» (= «abertamente, sem esconder dos outros») e «pelo claro» (= «com clareza, sem disfarce, expressamente»). Note-se, porém, que «passar em claro» ou «deixar em claro» é «omitir».
*A palavra claro pode ocorrer como sinónimo de clareira e vão, no sentido de «parte mais iluminada de um objeto» e «espaço livre, desimpedido» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). Alguns elementos recolhidos na Internet permitem supor que se usa «no claro» não só com pôr, mas também com o verbo deixar, numa construção metafórica cujo significado oscila entre revelar ou esclarecer:
(1) «Põe no claro a nossa dança inventada – talvez patética, talvez heroica – para que possamos perguntar a nós mesmos se queremos seguir inteiros nela.» ("Variações em torno da 'jazz-performance'", in Teatrojornal, 12/03/2016)
(2) «Nós precisamos deixar no claro, porque só a fala do prefeito dizendo que não vai fazer nada, isso não nos satisfaz [...].» (Poder Legislativo, cidade de Guarulhos, Ata, 21.ª sessão extraordinária, 17.ª Legislatura, 1.ª sessão legislativa, 9/10/2017)