Deverá dizer-se sempre «armas de destruição maciça», e não “massiva”.
O termo português correspondente ao francês massif e ao inglês massive é, sempre foi — registado nos mais diversos dicionários de há séculos —, maciço, que significa «compacto», «sólido», «robusto», «qualidade de quantidade de coisas muito chegadas, muito apertadas», «basto», «cerrado», «qualidade daquilo que existe em grande quantidade».
Quando se começou a falar de armas de destruição que têm um terrível efeito devastador (nucleares ou químicas, por exemplo), aplicou-se a essa destruição o adjectivo maciça: «destruição maciça» («cerrada, densa, que atinge tudo, inclusivamente grandes massas de pessoas»). Como em inglês maciça se diz massive e em francês também massive (feminino de massif), em português recentemente começou a ouvir-se o termo "massiva", tradução literal de uma palavra estrangeira cuja correspondência já existia em português, ou seja, uma palavra desnecessária.
N.E. (25/02/2021) – Até meados do século XX e mesmo depois, entre autores normativos, condenava-se o adjetivo massivo, considerado «galicismo grosseiro», como dizia, por exemplo, Vasco Botelho de Amaral (Grande Dicionário de Subtilezas e Dificuldades do Idioma Português, 1958). No entanto, em 2000, o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa registava massivo como termo da linguística, na aceção de «substantivo que representa um conjunto que não é passível de ser dividido em partes singulares que se possam enumerar, contar» (exemplo, farinha e sumo; cf. Dicionário Terminológico). O termo está hoje consignado em dicionários eletrónicos em linha como o da Infopédia e o da Priberam. É, portanto, correto o uso de massivo, pelo menos, no âmbito especializado da linguística; porém, como sinónimo de maciço, o seu emprego mantém-se discutível: «adesão maciça», como o mesmo que «adesão em massa», afigura-se melhor que «adesão massiva».