A questão que o consulente apresenta envolve diferentes planos de análise. Antes de mais, é importante esclarecer que a estrutura «a gota de água», que significa «aquilo que ultrapassa os limites de alguém» (Infopédia), é dotada de algum grau de cristalização, na medida em que não é possível substituir água por vinho ou o artigo definido por um artigo indefinido, por exemplo.
Quando integra uma construção copulativa, o constituinte «a gota de água» pode veicular uma avaliação sobre o sujeito da frase. Em (1)
(1) «A queda do João foi a gota de água.»
o locutor avalia a situação descrita como «queda do João» como algo que constituiu o fator que ultrapassou determinados limites estabelecidos. Deste modo se conclui que a expressão «a gota de água» é usada como estrutura avaliativa da entidade apresentada como sujeito.
Assim, a mesma situação parece ter lugar na frase apresentada pelo consulente
(2) «Depois de todo o terror, assistir àquilo foi a gota d´agua.»
«ser a gota de água» constitui a avaliação sobre a situação descrita como «assistir àquilo», pelo que este último constituinte desempenha a função sintática de sujeito e «gota d’água» a de predicativo do sujeito.
Refira-se, ainda, que algumas construções copulativas permitem a inversão dos seus termos, adotando ora a estrutura SUJ+VERBO+PREDSUJ ora PREDSUJ+VERBO+SUJ, pelo que se designam construções equativas. Esta possibilidade de inversão dos termos não altera, todavia, as funções sintáticas que estes desempenham na frase.
Disponha sempre!