Agradece-se à consulente a informação a respeito de «nada não» e do seu uso regional em Portugal.
Nas fontes aqui consultadas1, não se encontrou nenhum comentário à expressão. À primeira vista, afigura-se como um caso de dupla negação, como se deixasse subentendido «nada não há», no sentido de «não há nada».
Não se descarta, porém, que «nada não» configure um uso semelhante, se não mesmo igual, ao da redução da dupla negação, que é geralmente atribuída a certos dialetos do Brasil, como se descreve no Dicionário Houaiss (s. v. não):
«[A] redução da dupla negação é frequente no registro informal do Nordeste do Brasil, com exemplos aplicáveis a todos os anteriores: – Quero não!»
Nesta perspetiva, o «nada não» covilhanense seria uma redução de «(não tenho) nada não».
Ficam, portanto, as conjeturas, além do registo da construção.
1 Obras consultadas: Revista Lusitana; J. Leite de Vasconcelos, Opúsculos, vol. VI, Dialetologia; Guilherme Augusto Simões, Dicionário de Expressões Populares Portuguesas; Orlando Neves, Dicionário de Expressões Correntes; Vítor Fernandes Barros, Dicionário de Falares das Beiras.