A consulta dos vocabulários ortográficos atualizados – VOC, Infopédia, VOLP da Academia de Ciências de Lisboa e VOLP da Academia Brasileira de Letras – revela que não há registos da grafia hifenizada "bem-comum". A forma correta desta expressão é portanto «bem comum», sem hífen. Aquilo que se encontra é a locução «bem comum», atestada, como subentrada de bem, como «conjunto das condições materiais e espirituais que proporcionam a uma comunidade humana um bem-estar favorável ao desenvolvimento harmonioso dos indivíduos que a compõem» (Infopédia).
Também do dicionário Priberam se encontra a locução «bem comum» como subentrada de bem.
Talvez o que justifique a entrada «bem-comum» no Priberam esteja relacionado com aquilo que reporta o Acordo Ortográfico de 1990 base XV, ponto 4: «Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).»
Ora, no caso de «bem comum», apesar de se tratar de uma unidade sintática e semântica, bem não é um advérbio, mas sim um nome, e, por isso, não faz parte destes casos. Outros exemplos semelhantes são os de «bem cultural» ou «bem jurídico».