Rebelo Gonçalves, no Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (Coimbra, Atlântida – Livraria Editora, 1947, pág. 224), esclarece o uso do hífen com o prefixo bem, citando as Bases Analíticas da Ortografia Portuguesa, XXIX:
«Compostos formados com o prefixo bem, quando o segundo elemento começa por vogal ou h, ou então quando começa por consoante, mas está em perfeita evidência de sentido.»
Para ilustrar esta regra, Rebelo Gonçalves dá duas séries de exemplos para os dois casos em que se usa hífen:
a) bem-amado bem-aventurança bem-estar
bem-andante bem-educado bem-humorado
bem-aventurado bem-encarado bem-intencionado
b) bem-criado bem-falante bem-querente
bem-dispor bem-fazente bem-querer
bem-dizente bem-fazer bem-soante
bem-dizer bem-parecido bem-tenente
bem-fadado bem-posto bem-vindo
No caso de bem-dizente, Rebelo Gonçalves observa em nota que há a chamada «evidência de sentido» (ver supra), uma vez que a palavra significa «dizer bem de», em contraste com bendizer, que tem um significado próprio, ou seja, «abençoar».
Deste modo, deve escrever-se e pronunciar-se bem-vindo, e não benvindo. Por outro lado, no caso da frase apresentada pelo consulente, considero que é preferível usar bem-vinda e não «bem vinda», pela razão de ser bem-vindo/a constituir uma expressão fixa em português, com o sentido de «ser bem recebido».